Procurei sem procurar e deparei-me com um deus adormecido.
Não era outro que não eu!, imortal consciência que, eternamente, repousava para mim própria e vivia a história de um outro, criado, que não eu, este que chora e ri, no mundo.
Acredito piamente que tudo ocorre dentro de uma consciência; nesse sentido, sou completamente idealista, se me quiser chamar nomes. Como ocorre, ainda não tenho a certeza mas, provavelmente, pelo poder da imaginação.
Um dia, há pouco tempo, enquanto estudava na faculdade, disse a um colega que era possível que as nossas imaginações fossem mundos. Ele tentou refutar-me, dizendo que esses mundos são incomunicantes de imaginador para imaginador. Penso que a ideia é irrefutável.
Agora, ocorre-me, esta ideia vai muito de encontro ao que Giordano Bruno, a um nível não imaginário, afirmou; que existiam infinitos mundos, seres e modos.
Certo é que continuo a perguntar-me, não o que há (ok, por vezes...), mas como é possível que haja. Um acto puro da imaginação?
É muito interessante a concepção de uma imaginação originária, ontogónica, não representativa, mas criadora, de onde procedem os vários modos da ficção eu-mundo... Supõe todavia um inimaginável primordial, que nela e por ela se manifesta e determina nas múltiplas formas do haver isto e aquilo. Além do pensamento oriental e do esoterismo islâmico (ver os trabalhos de Henry Corbin sobre o "mundo imaginal"), seria interessante ver os românticos alemães, o pensador francês ainda vivo Stanislas Breton (a sua concepção de um "nada imaginário") e, entre nós, o incontornável Pascoaes e algum Pessoa. Entre outros, claro.
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