O mundo, com todas as suas presenças, revela as sombras e os rostos do passado e anuncia a cor e a escuridão dos milénios futuros. As imagens sucedem-se num ritmo constante e parecem cumprir um ritual comum, que se resume a despertar e adormecer, desenhando círculos intermináveis de prazer e de dor, de posse e despojamento. A razão de tudo isto existir é um mistério… e tudo está mergulhado nesse mistério.
Cassandra, ao compreender que faz parte desta festa de luz e de cor, sente uma profunda gratidão por existir. Tudo o que desejou foi-lhe oferecido. Qualquer perda que venha a sofrer será irrelevante, tendo em conta tudo o que já viveu. “Estou segura.” – pensou. “Seja o que for que me aconteça será sempre exterior a quem eu sou.” A partir deste momento, Cassandra preparou-se para viajar. Guardou o perfume das flores que a rodeavam numa pétala de rosa, a frescura do rio e das fontes numa gota de água, o luxurioso verde dos jardins e das árvores numa folha. Mas não levou nada consigo! Confiava que o mundo tivesse uma infinita variedade de flores, rios e árvores. Olhou em seu redor, para se despedir das paredes de beleza que a tinham mantido aprisionada durante toda a eternidade. E depois partiu.
E depois? … Haverá correntes mais intensas? Cursos de águas mais turva? Desvios? Pisos escorregadios? Correntes de nevoeiro? Cassandra é ainda feliz? Mesmo? Ou quer acreditar que é? Não… A vida de Casandra não deve de certo seguir uma linha recta e um deslizar suave… porque se assim fosse não haveria história, talvez… Vais contar mais? Quando?
ResponderEliminarAhhh! Achas então que se Cassandra pudesse apenas deslizar suavemente pelas águas do rio, já não havia história para contar? Pois, julgas bem... Claro que há história! Como todas as deusas e princesas reencarnadas, Cassandra enfeita-se com véus. Havemos de despi-la... Essa malandra! ;)
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