sábado, 19 de janeiro de 2008

Floresta Submersa

Mergulho na crepúsculo líquido do mar.

Nado na floresta de algas de cobre
Que gigantes se prosternam ao meu passar.

Todo o movimento é canto que ecoa,
Tudo refrange, oscila e entoa,
A dança de um só,
Lento...
Múltiplo...
azul gutural.

A luz na superfície deflectida,
Afia-se em farpas pontiagudas.
Setas fundas em raios desferidas,
Trespassam, encandeiam a palidez
Florescente deste corpo de viva cal.

Vejo-me em láctea luz possuída
Do mais imanente halo astral.

Nos meus olhos acende-se a suástica
Capaz de, em simultâneo, todos os planos
Todas as perspectivas em lucidez banhar
E a amplidão de tudo num só olhar revelar.

Nesse vórtice ainda me vejo plena,
Mas em células e átomos cindida.
Desfolhada na multidão essencial
Que há muito já se encobria,
Numa ínfima partícula primordial.

2 comentários:

  1. O Príncipe Encantado é o Mar! E o teu poema deixou-me com marítimas saudades.

    ResponderEliminar
  2. Olá Tamborim,
    Quando escrevi este texto, o mar e as florestas aquáticas de Marocystis pirifera eram só o cenário porque as memórias subjacentes foram: Einstein e a teoria da relatividade, a escultura de Gian Lorezo Bernini "O Êxtase de Santa Teresa" , Primal Scream - Swastica Eyes- e a imagem de Guru Rinpoché.Todas as sopas precisam de caldo, e de preferência salgado!
    Mas tens razão o mar é sempre o meu príncipe encantado, o meu berço e o meu caixão.

    ResponderEliminar