domingo, 13 de janeiro de 2008

Desaforismos

Procuro notícias da minha morte.

Procuro aquilo que encontro.

O que procuras procura-te. Pára e deixa que te encontre.

O teu bilhete de identidade é o teu epitáfio. Se te vês como alguém, com nascimento e nome, já estás morto.

Nunca nasceste. Nunca morrerás. Recorda-te e deixa de fazer de conta.

Tudo o que te alegra num nascimento é o que te dói num funeral. Tudo o que te exalta é o que te deprime. Tudo o que tens é o que perdes. Enquanto não compreenderes e transcenderes isto não podes deixar de andar aos trambolhões, a fazer de parvo, a fazer de conta.

A verdadeira humildade é não te acrescentares.

Sê intrépido. Fica no espanto e não te demovas. Nem para trás, nem para diante.

4 comentários:

  1. E, no entanto, movemo-nos.

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  2. O que não deixa de ser espantoso, o modo como desertamos do espanto.

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  3. Sei que isso não é quietista, mas acho sempre que a locomoção pode exercer-se espantada e espantosamente. Ou seja, como não-deserção.

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  4. Demover-se, neste sentido, não é mover-se nem movimentar-se. Claro que o movimento não implica deserção de coisa alguma, se o virmos suspenso na quietude do espaço em que sempre se inscreve.

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