Ó tu, sublime puta encanecida,
que me negas favores dispensados
em rubros tempos, quando nossa vida
eram vagina e fálus entrançados,
agora que estás velha e teus pecados
no rosto se revelam, de saída,
agora te recolhes aos selados
desertos da virtude carcomida.
E eu queria tão pouco desses peitos,
da garupa e da bunda que sorria
em alva aparição no canto escuro.
Queria teus encantos já desfeitos
re-sentir ao império do mais puro
tesão, e da mais breve fantasia.
Carlos Drummond de Andrade
Sem comentários:
Enviar um comentário