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quinta-feira, 28 de maio de 2009
O assassínio de Portugal-Inês
"É como se Patrício deixasse a mensagem cifrada de que esse Portugal-Inês, de vocação aberta ao exterior de si mesmo, perece às mãos dos que dirigem o destino do país, e quando os Pedros que a amam têm a faculdade decisória é já demasiado tarde, e encontram um cadáver que tentam em vão, demencialmente, reanimar. [...] É também, por outro lado - tanto em Patrício como em Pessoa - , a intuição de um Portugal cultural atávico, internalizado, expresso na poesia das artes e na permuta dos afectos, que não se revê na menoridade do Portugal político de rosto exterior e na miséria social que o estigmatiza; daí a alegoria do feminino: um Portugal como anima vilipendiada - alvo de assassinato como em Inês - por um animus ignaro, patriarcalmente tirânico, que não apreende a profundidade e o valor potencial do que castra"
Armando Nascimento Rosa, As máscaras nigromantes. Uma leitura do teatro escrito de António Patrício, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003, pp.217-218.
Armando Nascimento Rosa, As máscaras nigromantes. Uma leitura do teatro escrito de António Patrício, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003, pp.217-218.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
O desejo esculpe-nos in eternum
" - Mas é viver, é viver este morrer contínuo, nos teus braços e na luz, ou assim, fechados como múmias, já sepultos, com medo do deserto que se ergue em granizo de sangue, e nos lapida... (os deuses todos servos da Morte).
- Quanto mais o império durar (o império de que a morte é a invisível cariátide suprema), mais raiz teve o nosso desejo, mais fundo foi, mais possível a nossa imortalidade. O desejo esculpe-nos in eternum.
Vemos só o reverso da tapeçaria, que é o império: a tapeçaria, ela, é a eternidade. [...]"
- António Patrício, Teatro Egípcio, p.1025.

- Quanto mais o império durar (o império de que a morte é a invisível cariátide suprema), mais raiz teve o nosso desejo, mais fundo foi, mais possível a nossa imortalidade. O desejo esculpe-nos in eternum.
Vemos só o reverso da tapeçaria, que é o império: a tapeçaria, ela, é a eternidade. [...]"
- António Patrício, Teatro Egípcio, p.1025.
terça-feira, 24 de junho de 2008
O rei-Saudade
"[fala de Pedro] Mas um dia, "Alguém" desceu ao fojo: - "Alguém" que era da morte e era da vida; e mais - de além da morte e além da vida... E eu vi a Saudade ao pé de mim. Nunca mais me deixou: vivo com ela. Fez-se em mim carne e sangue. Fez-se Inês. Por isso sabes toda a minha vida. Por isso eu sei a morte como tu. Sou o homem que viveu a vida e a morte: sou o homem-Saudade, o rei-Saudade..."
- António Patrício, Pedro o Cru, in Teatro Completo, Lisboa, Assírio & Alvim, 1982, p.167.
Uma obra belíssima e genial, como quase tudo em António Patrício. Dramaturgia iniciática. Tive a felicidade de a ver encenada no D.Maria II em 1982.
- António Patrício, Pedro o Cru, in Teatro Completo, Lisboa, Assírio & Alvim, 1982, p.167.
Uma obra belíssima e genial, como quase tudo em António Patrício. Dramaturgia iniciática. Tive a felicidade de a ver encenada no D.Maria II em 1982.
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