O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

2 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Um dos meus ídolos... sem pés de barro! Ouro-de-lei. JCN

João de Castro Nunes disse...

RIMBAUD

Quem rei não foi, Poeta, vez alguma
numa manhã que fosse ou numa tarde
ainda que sem pompa nem alarde
em trono imaginário de ouro e bruma?!

Quem não bebeu, Poeta, na existência
com Satanás a taça do pecado
e não brindou com Deus, regenerado,
após longa e penosa penitência?!

Quem como tu, Poeta, não sofreu
o anátema cruel da maldição
optando pelo inferno em vez do céu?!

Só que nenhum de nós teve a coragem
de sorver a cicuta, à tua imagem,
em plena graça de "iluminação"!

JOÃO DE CASTRO NUNES