O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 21 de julho de 2013

ERAM SEMPRE NOVE À HORA DA COMIDA

sete fêmeas e dois machos

- elas, duas brancas
três tartarugas
uma indefinida e uma preta

eles, machos,
um amarelo tigrado
o outro - pardo

dos machos
com o andar do tempo
veio um branco não sei de onde
que após muita porrada
expulsou em definitivo
o pardo
e o amarelo

passaram
a ser só oito à hora da comida

só oito
até que uma das tartarugas deu à luz
3 amarelos

outra tartaruga
pariu 4 brancos - com as extremidades amarelas
- um dos quais desapareceu
nas múltiplas mudanças
a que a mãe os sujeitou

a preta pariu três
-cada um de sua cor - um preto
um branco
um amarelo

há ainda uma tartaruga
e uma branca por parir

de qualquer modo
são agora 9
mais 9 além dos nove iniciais
(8 desde que o branco chegou
e expulsou o pardo e o
amarelo)

são agora portanto
- para mal de meus
orçamento e vida -

17 gatos
à hora
da comida


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