domingo, 28 de agosto de 2011

No mar revolto
sobrevive o peixe,
se esperar quieto
que a ira passe

4 comentários:

  1. Assim deveríamos ser nós: saber ficar quietos, contemplar e respirar até desaparecermos, quando os pensamentos perturbam a mente e reparamos, como se olhássemos de fora, o quão impermanentes somos e eles são. E quanto o que é natural e real nos dá exemplo de vida e nos é vida.

    ...

    Já António Vieira nos falou, enquanto "peixes", o que teimamos em não ouvir, enquanto homens.

    Abraço. Gostei muito.

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  2. Haja rocha, cavernas, o mesmo é dizer, abrigos.

    Acaso não haja, sobreviverá o peixe ao sabor dessas correntes tempestuosas, revoltosas, que ademais o podem lançar ao desconhecido, à surpresa de um acaso feito por destino, acordando, como por acidente, num outro mar longínquo e distante daquilo a que confortavelmente chama casa; acordando, como outro alguém, sem dar por isso, longe desse local de entre o vasto onde imerso se infunde, e confunde na imensidão.

    (há um peixe com estas características e/ou particularidades, fora as poéticas... chama-se pampo, ou peixe-porco. Tem a capacidade de se agarrar com 'unhas-e-dentes' aos locais que escolhe com entre os demais para se reproduzir, normalmente, em zonas rochosas abertas ao oceano, que podem frequentemente ser varridas pela tempestade ou por um mar revirado a rompante. O que normalmente ocorre, e desligando-se da zona d abrigo, vagará incertamente até ao profundo mar, para daí pelo seu próprio pé (barbatana), continuar à procura daquilo a que insistentemente chama casa. Não será só este peixe, muitos outros pelas mesmas características podem ter esse mesmo destino oceânico, bentónico ou pelágico.)

    Grato, Paladar, viajei um pouco agora.

    abraço

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  3. nenhum nome e rmf, oq ue posso acrescentar senão o meu encantamento por vós. O mesmo que faz perder a cabeça quando se avista uma sereia:-)

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  4. Adorei, Paladar da Loucura e todos os comentários :) é engraçado, porque isto fez-me lembrar uma vez que me ia afogando, por irresponsabilidade minha- há um momento em que nos debatemos, mas, depois, há um quase sublime estado em que é como se se atingisse uma sensação de Paz total, de abandono, mas, ao mesmo tempo, de reencontro no silêncio...depois, lá me safei, mas nunca mais me esqueci daquele momento, que envolveu uma confluência de emoções tão distintas adstritas ao instinto de sobrevivência e à veneração do Silêncio do Mar que há em todos nós...

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