domingo, 14 de agosto de 2011

ARCA SEM FUNDO

PESSOA tinha/tem
uma ARCA de ferro onde guardava tudo o que escrevia

a ARCA parece não ter fim

como se fosse uma arca
com tabuleiros
que vão sendo removidos
à medida que são lidos os seus escritos

só que
removido cada tabuleiro vazio
há sempre outro por baixo
mais cheio ainda
do que todos os tabuleiros de cima

e o que está escrito
nos papéis dos tabuleiros de baixo
é sempre mais bonito
mais profundo
do que o que está escrito nos papéis
dos tabuleiros de cima

haverá um - o de baixo de todos -
a uma fundura infinda
a que ninguém chegará
nem chegou a sonhar chegar ainda

e esse tabuleiro
é que há de estar a abarrotar
de papéis com palavras escritas
literalmente as mais profundas

e essas sim
serão de todas
as palavras escritas
as mais profundas
as mais Li (n) das

3 comentários:

  1. algumas são o prenúncio de tudo que o nunca vai ser escrito ou dito, senão sentido.
    Lindo poema, Platero! beijo

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  2. há um fabuloso do MESTRE
    só que tudo se passa de baixo para cima:
    sobe-se a um terraço e tem-se uma vista linda.
    mais acima, mais lindo ainda.

    lindo a sério será de um terraço
    a que se não tem acesso
    Conheces?
    - se não, vale a pena procurar

    beijo

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