terça-feira, 21 de junho de 2011

"Pela criação do Homem-Asa" - Tertúlia de homenagem a Cruzeiro Seixas: sábado, 25 de Junho, 16,00 horas, Livraria Sá da Costa, Lisboa

1 comentário:

  1. Deixo aqui, pela sua importância, e por, se bem que publicado, ser porventura pouco conhecido, um poema de Cruzeiro Seixas, o qual não é até despropositado relativamente ao tema desta tertúlia:


    Era um pássaro alto como um mapa
    e que devorava o azul
    como nós devoramos o nosso amor.

    Era a sombra de uma mão sozinha
    num espaço impossivelmente vasto
    perdido na sua própria extensão.

    Era a chegada de uma muito longa viagem
    diante de uma porta de sal
    dentro de um pequeno diamante.

    Era um arranha-céus
    regressado do fundo do mar.

    Era um mar em forma de serpente
    dentro da sombra de um lírio.

    Era a areia e o vento
    como escravos
    atados por dentro ao azul do luar.

    Cruzeiro Seixas

    in "Áfricas", 1950, poema integrado no 1º caderno do Centro de Estudos do Surrealismo, da Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão.
    (citado in jornal "Público", Sábado, 2 de Dezembro de 2000)

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