domingo, 5 de junho de 2011

Sondagens

Sondagens a cada 5 minutos.
Ora faça lá uma macadada para ver se o público gosta.
Gostam??
Esses polegares para cima!
A senhora aí da fila de trás, de roxo, que me diz?
Gosto, sim senhora, ainda bem que me deram esta oportunidade, estou muito feliz!
Um like para ali.
Andamos com uma sonda debaixo do braço, não podemos esconder ou indiferenciar. O detector de gosto, patente da Taste-Course, vai activar o voto.
Alto!, mais um "gósto", dinamizar o programa, televisão em movimento.
Atenção, baixem os braços, parece que vamos entrar noutro modo. Calma, acalmem-se por favor nos vossos lugares.
Chega-me a informação que o espectáculo é este que se segue, atenção à "VT":
"O senhor Américo mora no mesmo prédio há 22 anos, tem infiltrações desde que a esposa faleceu em 1996".
"Isto antes ainda havia a câmara municipal..."
Pára, pára o vídeo.
Que acham, pessoal? Gostam ou não gostam? Esses polegares no ar!
Eles não gostam! Anota aí, Didinho: minino não gosta do papá mas gosta da mamã.
Sempre alerta, não descansa, ou gosta ou não gosta!
Estou a ver um acenar de cabeça, já está, já gostou, já não há nada a fazer, não vale a pena dizer que não gostou que eu testemunhei que gostou.
Virou!
A TWE noticou que as sondas provocam cancro a médio prazo.
"Como calcula, isso é um assunto a desenvoler posteriormente", garantiu hoje à Lupa Casimiro Brandão, agente oficial das sondagens inForm.
Está prestes a acontecer outra coisa, mantenham-se nos vossos lugares. Já sabem, botão verde gosta, botão vermelho não gosta.
3,2,1, carreguem! Opinião já! Carreguem mesmo que aleatoriamente!
Calma, calma, eles não estão a gostar, choques eléctricos nos bichos é o que vós fazeis, público parlador. Deixaram o bicho agitado, ele vai reagir, só não vos morde porque vocês estão aí nas bancadas e ele na jaula, sujeito-objecto, público-espectáculo, enfim, vocês sabem.
Cada voltagem é de 20000 megabytes, carreguem se vos mandam.
Não queriam participar na vida pública? Então digam sim ou digam não e depressa.
Mas digam a verdade, porque nós temos um polígrafo incrustado no vosso escalpe.

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