terça-feira, 7 de junho de 2011

Poema dos amorosos


(Dedicado a Ethel Feldman)


Há na renda do mar

Aquela húmida claridade da boca

O terno olhar das ondas e do esquecimento

Um sismo de violetas nos dedos brancos

Uma revelação de cascatas

No olhar extasiado

Um espanto de terror e de beleza

Quando os navios parados

Ondeiam sombras na brisa iluminada

Uma vontade súbita de ser pássaro

E poisar-te no lábio a esperança

Como um cristal entre os olhos.

E os deuses da água sorriem dentro da boca

Dos novos amorosos.

7 comentários:

  1. que lindo poema!
    meu corpo inteiro chora de alegria com este belo presente. Obrigada, nenhumnome (porque és todos em cada um)

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  2. escreve-me para ethel.feldman@gmail.com

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  3. Fico feliz que tenhas gostado, já que depois de o ter feito pensei( é sempre a pior parte, o pensar): como este poema tem (desculpem a redundância) o sabor do paladar da loucura.... E foi assim, aceita-o.

    Grata por isso.
    Beijinho

    P.S. Neste momento, E., tenho tido trabalho que me enche todas as mesas, logo que tenha um tempinho comunicarei contigo com todo o prazer.
    M.

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  4. Platero, Amigo, tu mereces que, ao acordar te ditem poemas para dentro do pensamento, à tarde, que as rosas te sorriam e te segredem poemas; à noite, que as palavras que ainda te dedique transformem em ouro as árvores da tua morada.


    Beijinho, Platero ;)

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  5. Lindo, tb, o Mar É uma Metáfora fantástica do Verdadeiro Amor - umas vezes Pacífico outras Tumultuso, mas sempre Sublime e Purificador :)

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  6. (Este de Sophia também me leva uma vez mais e, de novo, para o sempre novo mar...)

    Hora

    Sinto que hoje novamente embarco
    Para as grandes aventuras,
    Passam no ar palavras obscuras
    E o meu desejo canta - por isso marco
    Nos meus sentidos a imagem desta hora.

    Sonoro e profundo
    Aquele mundo
    Que eu sonhara e perdera
    Espera
    O peso dos meus gestos.

    E dormem mil gestos nos meus dedos.

    Desligadas dos círculos funestos
    Das mentiras alheias,
    Finalmente solitárias,
    As minhas mãos estão cheias
    De expectativa e de segredos
    Como os negros arvoredos
    Que baloiçam na noite murmurando.

    Ao longe por mim oiço chamando
    A voz das coisas que eu sei amar.

    E de novo caminho para o mar

    (Sophia de Mello Breyner Andresen)

    Sorriso purificador :)

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