quinta-feira, 23 de setembro de 2010

-esperança-


A meu filho

desejaria a curva do horizonte.
E todavia dele tudo em mim desejo:
o felino gosto de ver,
o brilho chuvoso da pele,
as mãos que desvendam e amam.

meu fermento,
nele caminho e me procuro,
a corpo igual regresso:
ao rápido besouro das lágrimas,
ao calor da boca dos cães,
à sua língua de faca afectuosa,
à seta que disparam os ibiscos,
à partida solene da cama de grades,
ao encontro,
na praia, com as algas;
à alegria de dormir com um gato,
de ver sair das vacas o leite fumegante,


António Osório

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