segunda-feira, 27 de setembro de 2010

escreve com absurdos
com palavras Bêbedas ou não
com palavras vindas do altar
escreve com ganância
como quem pare a noite
e vem devolver o desejo
a quem o viu nascer

escreve com fogo na voz
e incendeia os lábios
de quem não ousa dizer

escreve como quem ama
a sua própria nudez
e sê inteiramente criança
a falar sem falar
a sonhar toda a noite
em cada asa
está um parapeito
para que olhes
a linha
que não é linha
eu e tu
única pessoa
a olhar de dentro
pela persiana do mundo

vomita de ti o ser mais delirante
despe-te
e escreve nua
porque eu quero um poema nu
somos o que a vida nos trouxe
e o amor perpétuo em cima da cabeça de um anjo mudo
sonha comigo nesta realidade
canta o azul enquanto é verde
cria o rio neste meu deserto
que eu tenho barco e remos
e um sopro para dar na vela
deixo-te neste meu cais peitoral
com voz esmigalhada
escreve o dom de morrer
a certeza que seremos eternamente
um sol em nossas mãos

escreve com loucura sempre em pé
com letras terrivelmente belas
e sorri
como se aprendesses o verbo
e um sonho invadisse a tua garganta
que não é garganta
é o caminho que estou
dá-me um beijo
enquanto escreves

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