segunda-feira, 26 de julho de 2010

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PRECISO DE UMA MULHER para estar comigo entre as nove e as onze
Alguém com pronúncia pouco pronunciada
Uma espécie de Greta Garbo com Frida Kahlo
Ou Alice Vieira com Natália
A nossa Natália Correia que um dia me levou ao período Futurista!

Tem alguma ideia?
Pode ser uma mulher meia calada que eu pôr-lhe-ei palavras na boca
Uma com cheiro a pinho
Com longas tranças de escamas de peixes
Se tiver tronco de árvore não faz mal
Eu próprio lhe darei forma
As minhas mãos sempre foram invejadas
Basta entender de anéis solares

Preciso de uma mulher para coser meus pensamentos
De preferência da cor do meu telhado
Que é branco em cima de um fundo negro
Aviso já que não é fácil
Só autodidacta consegue!

Achará que eu quero violar essa mulher
Danados!
Malditos!

Tenho poemas por acabar
Tenho o sangue prestes a esgotar
A muralha da China vê-se lá do alto
Outro dia confirmei isso
Sem me levantar da cadeira

Quero essa mulher para guiar minha mão que (in)segura a caneta
Quero essa mulher em trajes que me façam entender uma bandeira!
Quero o sol e a lua na mesma embalagem!
O terror e a lucidez parados numa esquina!
Ou em banhos de espuma!

Entre as nove e as onze ardo em fosfóricas saudades
Um agrafador pisca-me o olho com naturalidade
Uma cópia de Dali denuncia que está vivo
A água da torneira a ir pela bacia abaixo
As luzes das minhas ideias com as mãos na cintura
O som
Os sons

As magníficas correntes do ar
O cesto de papéis achando a vida uma ova
A ferida que eu não curei abrigando répteis

Penso num A e sai-me um O
Ó que terras mal acamadas! Não vedes que eu desabo!

Dirão agora que mereço essa mulher
Coitado deve participar em antologias
Escolher poemas da fase da parvalheira
Jogar flippers e mostrar à garina o quanto vale

Odeio a simplicidade!
Odeio as complicações!
Entre eu o nada não existe intervalo

Sempre escutei Vinícius de Moraes antes de adormecer
É bem melhor que uma velinha acesa num copo de azeite

Os homens morrem
A arte fica
Eu hei-de morrer sem saber o que me resta!

Quem está doente
Doente morrerá
Quem está de saúde
Terá boas amantes

Quero agora essa mulher
Entre as nove e as onze
De preferência entre as nove e as onze da noite
Assim sabe melhor o salmão
Posso traduzir Dostoievski
Embora não percebendo nada de russo

Vou-me embora antes que a tabacaria encerre
São quase nove
Vêm aí nove meninas
Cada uma com nove meninas em cada mão
Qual delas saberá mudar a água aos peixes?

7 comentários:

  1. muito a meu gosto
    e
    gosto muito

    abraço

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  2. sou a mulher que dizes precisar
    nem Kallo, nem Garbo
    sou a mulher por fazer
    de manhã espreguiço-me na cama
    espero por ti ao alvorecer

    sou a mulher que nunca casou
    sou a mulher do depois
    de noite me visto
    de dia me dispo
    nesse intervalo que dizes não existir
    sou a mulher pronta a moldar
    anciã de uma tribo extinta
    virgem da nova era

    sou a mulher que não queres
    a que refila noite e dia
    a que te implora um beijo todas as manhãs
    sou a mulher do outro
    a que apetece levar para a cama

    sou a mulher que enganas
    quando sais da Tabacaria

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  3. Ó F ... faz tempo que não te vejo homem. Hoje foi mais uma vez. Tu e as tuas musas sempre a fugirem à dialéctica da roda dentada. Deixa estar que já te apanho.

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  4. Paladar da loucura

    claro que também gosto de ti.
    de ti não sei - da tua poesia - que é o mesmo

    ouso, por isso. recomendar-te blog de que sou velho frequentador. de dia e noite
    :

    "putas resolutas" ah, já agora, tb

    "ellenismos"

    garanto vais gostar

    beijinho

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  5. OLá Platero!
    Vou consultar esses blogs :)
    Tb gosto você, Platero.

    Beijo

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  6. PL

    se me trata po vc
    não sei como tratar-te

    bjo

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  7. oh, desculpa-me! nasci no Brasil. É verdade que estou cá mais de metade da minha vida. Sou portuguesa, mas se reparares os meus textos são uma confusão entre o português e de lá:)
    e desta vez o vc foi mesmo carinhoso, dengoso...
    mais informal que o tu!
    beijinhos para TI!

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