quarta-feira, 30 de junho de 2010

A verdadeira via de eros

«Na verdade, a Torá deixa escapar uma palavra, e emerge um pouco do seu invólucro e depois torna a esconder-se. Mas procede assim somente com os que a conhecem e lhe obedecem. Pois a Torá parece-se com uma bela e formosa donzela, escondida numa câmara reclusa de seu palácio, e que tem um namorado secreto, desconhecido de todos. Por amor à donzela, ele vive passando à porta da casa dela, olhando para cá e para lá, à procura dela. Ela sabe que o bem-amado ronda o portão da sua casa. O que é que ela faz? Abre a porta da sua câmara reclusa, um pouquinho só, e por um momento revela o rosto ao bem-amado, porém logo o esconde de novo. Estivesse alguém com o amado, nada veria e nada perceberia. Só ele a vê e ele é atraído por ela com o coração e a alma e todo o seu ser, e ele sabe que por amor a ele, ela se lhe mostrou por um instante, ardendo de paixão por ele. Assim acontece com a palavra da Torá, que se revela somente aos que a amam. Assim a Torá se desvela e se esconde, e emerge em amor pelo seu amado e desperta o amor nele». (Zohar in Gershom Scholem, "A cabala e o seu simbolismo")

2 comentários:

  1. O "2" de Miranda do Douro, simbólico, mesmo ao lado da Igreja que alberga o menino Jesus da Cartolinha.

    Local de visita obrigatória acaso se decida conhecer o desterro e o isolamento que roda em torna da única e fluída artéria principal de comunicação que é o rio Douro, lá bem longe ainda, quando aí decidiu atravessar os mais duros quartzitos cristalinos delineando o seu percurso intra-montanha.

    Peço desculpa, por, inevitavelmente, me ter desviado do curso principal por onde estas palavras fluem...

    Ocorre-me dizer, "Visitem", será sem dúvida inesquecível. Permita-me dizer também que achei particularmente feliz a escolha de tal pseudónimo.

    Está muito interessante esta citação.

    Abraço sincero.

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