quarta-feira, 30 de junho de 2010

-oferta-



Quero a fome de calar-me.
O silêncio. Único
Recado que repito para que me não esqueça.
Pedra,
Que trago para sentar-me no banquete.

A única glória no mundo - ouvir-te. Ver
Quando plantas a vinha,
Como abres a fonte, o curso caudaloso
da vergôntea -a sombra com que jorras do rochedo.

Quero o jorro da escrita verdadeira,
A dolorosa chaga do pastor,
Que abriu o redil no próprio corpo e sai
Ao encontro da ovelha separada. Cerco,
Os sentidos que dispersam o rebanho.
Estendo as direcções,
Estudo-lhes a flor -várias árvores cortadas
Continuam a altear os pássaros.
Os caminhos seguem a linha do canivete nos troncos

As mãos acima da cabeça adornam
As águas nocturnas -pequenos nenúfares celestes.
As estrelas como as pinhas fechadas caem - quero fechar-me e cair.
O silêncio Alveolar expira e eu,
Estendo-as sobre a mesa da aliança.

Daniel Faria, Quero a fome de calar-me

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