[...] Pessoa pode permanecer ainda refém, como Agostinho da Silva, até certo ponto, de uma derradeira forma de messianismo nacionalista ou patriótico, ao afirmar Portugal como a única nação que tem como missão deixar de o ser para se converter no próprio universal... Este messianismo nacionalista-patriótico latente e reiterado na cultura portuguesa é algo que tem de ser crítica e rigorosamente ponderado, pois dá azo, na melhor hipótese, a toda a espécie de ingénuos erros de óptica e, na pior, que geralmente a acompanha, a todo o tipo de perversos aproveitamentos, manipulações e instrumentalizações político-ideológicas.
Paulo Borges, in Uma Visão Armilar do Mundo
Sei disto por experiência própria...
ResponderEliminarAbraço
Para ser sincera, tenho um certo receio do que poderá acontecer com o legado de Agostinho da Silva. O facto de não ter sido um pensador "sistemático" libertou a sua criatividade mas também (des-)estrutuou o seu pensamento de um forma que permite que as suas palavras, quando retiradas do contexto, possam ser interpretadas de uma forma completamente oposta ao seu espírito libertário e emancipatório...
ResponderEliminarPara ser ainda mais sincera, acho que muito mais poderia ter sido feito para evitar essa traição da sua memória.
Aqui não há "vilões" nem "vítimas". Apenas cúmplices, mais ou menos voluntários.
Já do Pessoa nem se fala...
ResponderEliminarNão seremos nós que idealizamos esses pensadores e vemos nele um pendor emancipatório que se calhar nunca fez parte dos seus propósitos?
Querermos novamente ver grandeza onde ela não existe, pois não aguentamos o confronto com a nossa pequenez enquanto indivíduos e comunidade histórica?
julgo que meditar liberta, se não nos prendermos na mesma meditação... julgo que toda esta loucura desvendada começa a fazer sentido assim que nos desviarmos deste mesmo sentido e não fizermos dele crenças dogmáticas... Como perceber o V Império, o Espírito Santo, o nada que é tudo, Deus, adeus, o Grande Espírito, D. Sebastião morto e renascido, Aquele que É, a Visão, se não meditas, se não oras, se não aprendes a libertar energia kundalínica, se não praticas reiki, se tens relações sexuais para pura satisfação do ego, se matas animais teus companheiros para alimentar a gula, se não aprendes simplesmente a acalmar e estabilizar a mente? E agora outra pergunta: como estabilizar a mente num mundo cada vez mais repleto de estímulos que fomentam cada vez mais o sentimento de cisão sujeito/objecto, aquilo que nos agrilhoa à existência?
ResponderEliminarAcredito que Pessoa e Agostinho da Silva não foram grandes nem pequenos: foram simplesmente pessoas cujo projecto de vida foi partilhar com a humanidade um estado de consciência que caso seja desvendado por todos nós poderá conduzir a humanidade a um mundo de paz e de fraternidade entre todos os seres, humanos e não humanos.
Concordo em geral com o Kunzang. Acho que nem devemos idealizar/divinizar nem demonizar quem quer que seja, mas apenas compreender os autores criticamente e extrair da sua visão aquilo que achemos benéfico, distanciando-nos do resto e dizendo a razão. Tão simples quanto isso.
ResponderEliminar