quarta-feira, 19 de maio de 2010

-a caminho da cidade-




“… Vem comigo! Vou mostrar-te
o caminho que leva à Cidade do Sonho...
De tão alta que está, vê-se de toda a parte,
Mas o íngreme trajecto é florido e risonho.

Vai por entre rosais, sinuoso e macio,
Como o caminho chão duma aldeia ao luar,
Todo branco a luzir numa noite de Estio,
Sob o intenso clamor dos ralos a cantar.


Vistos dessa eminência, o mundo e as suas
sombras,
Tingem-se no esplendor dum perpétuo arrebol,
O mais estéril chão atapeta-se de alfombras,
Não há nuvens no céu, nunca se põe o Sol.

Nela mora encantada a Ventura perfeita
Que no mundo jamais nos é dado sentir...
E a um beijo só colhido em seus lábios de Eleita,
A própria Dor começa a cantar e a sorrir!

Que importa o despertar? Esse instante divino,
como recordação indelével persiste,
E neste amargo exílio, através do destino,
Ventura sem pesar só na memória existe...”

António Feijó, A Cidade do Sonho

1 comentário:

  1. lembro-me dos 'pézinhos' da minha filha. lembro-me igualmente de assustar-se com a areia da praia. como se não se pertence-se a este mundo. crianças. ab

    ResponderEliminar