quarta-feira, 14 de abril de 2010

Assaz

Harold Ortiz Sandova


Tudo o que precede esquecer. Eu não posso muito ao mesmo tempo. Isso deixa à caneta o tempo de anotar. Eu não a vejo mas ouço-a lá em baixo atrás. É o silêncio. Quando ela pára eu continuo. Demasiado silêncio não posso. Ou é a minha voz demasiado fraca por momentos. A que sai de mim. Eis pela arte e o modo.


Excerto de Assaz in Textos para nada | Samuel Beckett
1.ª Edição. Lisboa. Publicações Dom Quixote

2 comentários:

  1. Rui,

    Logo pela manhã, vejo a imagem, leio, releio, seguro ao de leve o silêncio.Atrás do que escrevo está a imagem... "Eu não posso muito ao mesmo tempo."

    Posso, isso sim, deixar o silêncio lá atrás...

    Ir lá buscá-lo, para dar à palavra espaço para sair...

    Um abraço

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