não há primavera
nos campos eternos
na nervura do mundo
que acende nos olhos
o fogo das constelações perdidas
que mostram um céu invertido
no fundo abissal
onde a treva rebrilha ao som furtivo
das lâminas impregnadas de longe e terminação
não há retorno quando o princípio é a alada expansão
de não ter que haver depois
a exacta geometria da contemplação
vulcão de agonia mental
interrogar é sentir a ondulação do oceano sem começo
os ossos em flautas convertidos
harmonia da carne que é vegetativa anunciação do efémero
por momentos a maré vazia descobre as rochas do abandono
por momentos inamovíveis e peremptórias
nada nasce
o esquecimento dá a aparência de nascer às vidas transitórias
o eterno é instante
terrível abrupto inclemente
são as palavras ânforas no bojo dum navio naufragado
restos de viagem na impossibilidade de chegar
chega um momento em que a vida é só isso
a espera crava-se na nudez da fantasia
e fere de firmamento a capacidade de desejar
só dizer que gostei muito
ResponderEliminarabraço
e houve.
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