Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
sábado, 20 de março de 2010
Não tenho pressa
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde
o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.
- Alberto Caeiro
... "vivemos vadios da nossa realidade"...
ResponderEliminarmas não será essa vadiagem
que a faz avançar?
... ou não será essa realidade que faz avançar a vadiagem sem, contudo, nos apercebermos?
ResponderEliminarE então assim se avança!
ResponderEliminarserá que se avança mesmo?
ResponderEliminarSempre se avança,
ResponderEliminarmesmo que retornando ao semelhante,
já se esteve, já se partiu
e já se voltou.
Nada é igual.