sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ramos-Horta - a vergonha de um Nobel da Paz



Quando os interesses estratégicos ultrapassam a ética de responsabilidade internacional implicada pelo respeito dos Direitos Humanos, perde-se a consideração pelos que assumem esta postura ou, no mínimo, é legítima a dúvida sobre a sua autenticidade e honestidade motivacional em eventuais momentos em que os mesmos protagonistas possam ter apelado a causas desta dignidade.

É o caso de Ramos-Horta que, na qualidade de Presidente de Timor-Leste, afirmou, em declarações à Lusa, reconhecer "legitimidade à soberania chinesa em relação ao Tibete" apesar, disse, de admirar o Dalai-Lama por condenar actos de violência no território tibetano. As declarações de Ramos-Horta merecem o repúdio de todos os pacifistas do mundo, por várias razões: a) decorrerem de interesses estratégicos de natureza económica e comercial; b) serem proferidas por um homem que foi agraciado com o Prémio Nobel da Paz; c) denotarem a hipocrisia na avaliação de situações em que se está ou não, pessoalmente envolvido... porque, até por evidentes razões históricas, Timor não merecia mais a independência do que a merece o Tibete.

A este propósito, relembro, por um lado, que a ONU, em 3 Resoluções datadas, respectivamente, de 1959, 1961 e 1965, reconheceu os tibetanos como "privados do seu direito à auto-determinação" e que, por outro lado, a impossibilidade de, até hoje, o Tibete ser internacionalmente reconhecido como nação soberana, se deve, exclusivamente, à correlação de forças e interesses dos vários países em relação à China... apesar de toda a violência a que o seu povo tem sido sujeito pelas autoridades chinesas! Para ostensiva violação dos Direitos Humanos já bastava... escusava Ramos-Horta de vir fazer o favor ao Governo Chinês de, como Presidente de um país, se prestar a fazer declarações deste inqualificável teor, apenas e só para, a troco de algumas vantagens económicas a preço de saldo, os chineses exibirem a relativização do apoio de Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, à causa tibetana.

Publicado por Ana Paula Fitas em:
anapaulafitas.blogspot.com

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