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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
"O diabo é idêntico à língua" ou o pensamento nómada de Vilém Flusser
"A língua materna forma todos os nossos pensamentos e fornece todos os nossos conceitos. É ela a responsável pela nossa cosmovisão e pelo valorizar que sobre ela fundamentamos. Em outras palavras: a língua materna é a fonte do nosso senso da realidade. Com efeito: amor pela língua materna é sinónimo do senso da realidade. Mas de que realidade se trata? De uma realidade relativa. A pluralidade das línguas o prova. Toda língua produz e ordena uma realidade diferente. Se abandonamos o terreno da nossa língua materna, se começamos a traduzir, o nosso senso da realidade começa a diluir-se. [...] O diabo é idêntico à língua. A língua é aquele tecido de maia que se estabelece como véu na superfície da intemporalidade. A realidade ou as realidades que a língua cria é justamente aquilo que temos chamado, até agora, de "mundo sensível". Passaremos, doravante, a chamá-lo de "mundo articulável". E rectificaremos, igualmente, a nossa definição operante do diabo. Temos dito que ele é o tempo. Agora podemos precisar melhor esse termo "tempo". "Tempo" é o aspecto discursivo da língua. E definiremos o diabo como "língua". O amor pela língua materna é a sublimação mais alta da luxúria, porque é a luxúria elevada até ao nível da realidade do diabo"
- Vilém Flusser, História do Diabo, São Paulo, Annablume, 2006, pp.91-92.
Realizar-se-á um Colóquio Internacional sobre Vilém Flusser, em 3 e 4 de Maio, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, organizado por Paulo Borges e Dirk Hennrich. Flusser é um originalíssimo pensador checo que escreveu algumas das suas obras maiores em português do Brasil. O presente trecho está vertido em português de Portugal, não castrado pelo acordo ortográfico.
A nova revista ENTRE publicará um estimulante inédito deste pensador genial.
Publicado em:
arevistaentre.blogspot.com
Que diabruras! JCN
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ResponderEliminarFausta, de acordo com quase tudo, exceptuando a linguagem e que nascer, envelhecer e morrer sejam "verdades reais". Creio que também são relativas ao pensamento-língua que leva a conceber que "somos", que existimos, que há sujeitos como realidades últimas, não relativas...
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ResponderEliminarNada nego porque nada afirmo. Qual a prova de que existes? O que é isso que dizes vertido num corpo? Liberta-te do pensamento e da língua. Não intelectualizes.
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ResponderEliminarNão faço perguntas e assim me livro de ficar preso em respostas.
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ResponderEliminarfausta
ResponderEliminara realidade não é relativa? para nós é porque nunca somos um observador imparcial, ela existe mas para nós é como se não existisse, por isso existe uma criação nossa a todos os níveis 8não só o da linguagem) e não a realidade.
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ResponderEliminarA Impermanência
ResponderEliminarvista como ela é - Transformação - não pode negar, ainda que relativa a existência pessoal no tempo.
Nem pode nem existe um modelo universal de não ser.
Mas um fluxo contínuo de nascer, crescer e morrer pela transformação celular dos corpos dos individuos.
Sim, é uma incognita o projeto do Criador ou Deus para esta existencia, temporal, mas enquanto corpos e personas algo se apresenta e marca a cena do teatro da vida que passa.
Para tanto, logo acima celebramos UM GIGANTE que por aqui passou nesse mesmo jogo, e marcou a face da terra com a sua Sublime Arte de ensinar sem as nuvens escuras, que dificultam os pensamentos claros e expressos pela língua.
a realidade é relativizada não só pela lingua mas pela ciência (se a considerares uma linguagem ok) e na quântica fausta a realidade foge e nós actuamos laboratorialmente para a controlar (observador imparcial), a realidade não é relativa, nem relativizada para nós simplesmente não é. e percebi,
ResponderEliminarmas nada melhor do que colocar aporias.
lembrei-me agora, não sei se inventei (claro que não), 'in disputio veritas' analogia a má xima mais utilizada nesta quadra 'in vino veritas'
porta-te bem fausta
e já agora nunca apaguei nada na minha vida
digo observador imparcial que não somos ao contrário do que a ciência alvitra.
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ResponderEliminarQue endiabrada conversa! Só falta o Feitais para pegar ao palio! JCN
ResponderEliminar:)
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ResponderEliminarSe dão corda ao diabo... estamos quilhados! JCN
ResponderEliminarpsicoses, hipocrises
ResponderEliminaratributos do existente
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ResponderEliminarPorquê verter para o português de Portugal se foi no português do Brasil que Flusser escreveu?
ResponderEliminarEntre idas e vindas estou entre o Brasil e Portugal. Troco a regra gramatical. Um amigo diz-me:
- "ler-te em brasileiro fica mais fácil"
Outra amiga afirma:
- "Antes de enviares os textos para a editora temos de corrigir o português..."
E eu grito: NÃO!É assim entre Portugal e Brasil, trocando o tu e o você, que me entendo e escrevo. Essa é a minha realidade.
Fussler escreveu em 4 línguas, em cada uma um novo ser/sentir,
Será assim?
Que luxuria
ResponderEliminarQue azo
Que diabo !