Entre bancadas de parafusos, pregos e outros metais arrotou pela última vez. Feito uma bola rolou quase até Deus Nosso Senhor. Ali onde a morte é bem vinda, ele sem vergonha matou-se.
Enrolou a meia ao pescoço na sala do senhor director. Tão perto ela ficou dele que Deus quase rejubilou. Não fosse a morte matada.
Tão mortos de medo estamos que faltamos a todos enterros.
Um dia arriscámos:
- Unidos, nós… Jamais seremos vencidos!
Hoje esquecidos gritamos: TOYOTA!
(roubaram-me a vontade de cantar com Jacques Brel)
da justiça
ResponderEliminarjusto sou eu, acabei de ser chamado ao gabinete do director. vou ser despedido já sei... é a primeira vez que quer falar comigo depois de 30 anos de suor gasto na fábrica. mas desta vez vai ser diferente levo a faca no bolso, 'está despedido antunes' e eu olho-o, olho-o e penso. penso que sinto a faca de encontro à perna e que posso fazer justiça, destruir quem me destroi a vida e a dos meus. mas, há sempre um mas, não estaria a ser justo com o mundo e desisto. vou para a tasca beber uns copos, como um derrotado, e grito 'eu sou um homem justo'.
nunca matei ninguém, nem a mim mesmo.
ResponderEliminarclaro que não. na última crise em portugal, início dos 80, houve trabalhadores que se suicidaram devido à miséria criada pelos ordenados em atraso e despedimentos.
ResponderEliminarmas basta de tristeza, um abraço ethel (e canta com brel a contestação, se não consegues cantar o amor).
chamaste-me pelo meu nome. que feliz fiquei com isso!assim cantarei o amor,querido amigo. :)
ResponderEliminar"Cantar o amor"... não é para todos! JCN
ResponderEliminarnão mais me incomodeis! enfim... a sós com a loucura.
ResponderEliminarao fim de algum tempo, eructou-se