segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Antepassados oradores

Na serra perdem-se os caminhos
saltam-se muros
pelas pedras avança o rio
que é o céu correndo destinos

por entre musgos e minérios
as árvores são outonos
no coração o tesouro
de falos em flor os patronos

no templo, forno, gruta, anta
se alquimizam rostos sem rasto
a escuta dá-lhes o negro e o abrigo
e no denso nocturno cada gesto é oração
e do fundo onde é fundo irradia o Abismo.


Convento dos Capuchos, ao Entardecer

4 comentários:

  1. Que diriam... os capuchinhos... se não estivessem obrigados à regra do silêncio?!... Nem quero... imaginar! "Porra, senhor abade!" (Bispo do Porto). JCN

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  2. Bonito.
    Saudoso de algum tempo em algum lugar de remoto passado.

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  3. E que até neste momento gostaria de lá voltar.
    Sério, muito melancolicamente gostaria de ir aí.

    Não, não sei quando nem onde foi.

    Distante, muito distante distila mágoas de saudade, incerteza e a crença de não compreender, quando nem onde foi.
    Uma tristeza infantil, uma saudade cega.
    Mas sinto com o fígado que estive por aí, sem ser aí nenhum lugar no tempo nem no espaço.

    E até chega a doer um poco.

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