sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Eu sei que o poeta sobe à luz de vinte em vinte anos
e nesse longuíssimo instante trabalha a pérola da libertação
como um monge atento ao crescimento de uma montanha

Eu sei que o poema floresce como as unhas das Grandes Noites
onde o talento de olhar o céu traz à terra filhos luminosos

Eu sei que o poeta tem um anel e um relógio
para o caso de lhe falhar o instinto
fuma um cigarro às altas horas,
olha a lua em absoluta abstinência,
dá aos braços e voa para um sei lá a perder de vista
para que o poema brilhe na noite como uma rosa branca!

2 comentários:

  1. Discordâncias

    O poeta desce bem acima dos outros,
    por isso os vê.
    O poeta é um defeito, uma deformação, um ser que sobrou
    Como um apêndice que ninguém percebe porque existe.

    Os poemas não florescem,
    vomitam-se e são podres
    E é preciso escrevê-los quimioterapeuticamente.

    O poeta é uma alma abortada,
    Alguém que não chegou a nascer
    que caminha no aro de um relógio avariado
    Um zombie sem pressa...

    Nunca lhe falta o instinto porque é um animal de lua cheia
    E só brilha quando o fumam
    Até se perder de vista…

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  2. mesmo que não comente, continuo a gostar

    abraço

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