sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

a caminho de Tiago




"Assim pudesse o poema
Como a pedra esculpida
Do pórtico antigo
Ter em si própria a mesma
Compacta alegria
Cereal claridade

Ante o voo da ave
Do espírito que ergue
Os pilares da nave."

São Tiago de Compostela, de
Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comentários:

  1. Ao meu jeito:

    CAMINHO DE SANTIAGO

    Granítica cidade jacobeia,
    onde gastei a sola dos sapatos
    ao longo de sete anos de contactos,
    escuta uma vez mais a minha ultreia!

    Pelas vezes sem conta que trilhei
    as tuas praças e os teus recantos,
    os teus degraus românicos e santos,
    ao céu directamente subirei.

    Como durante parte da existència
    fiz o caminho que de Portugal
    conduz à tua velha catedral,

    já não terei que lá voltar um dia
    após a morte como ocorreria
    se o não fizesse com antecedência!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  2. "RUCINHA"

    A pétrea Compostela de granito
    com suas praças, ruas, soportais
    desperta em mim, por causas pessoais,
    a sensação telúrica de um mito.

    Os anos que passei celeremente
    naquela austera e mística cidade
    com meu amor, em plena mocidade,
    estão de pedra e cal na minha mente.

    Evoco-a nos salões da Rosaleda
    e sob os velhos choupos da Alameda
    em toda a sua céltica beleza.

    Sorrindo meigamente, à portuguesa,
    nunca talvez se visse em Compostela
    rosto tão lindo e alma como a dela!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  3. SOB A CHUVA MIUDINHA

    Sete anos, meu amor, inesquecíveis
    ali passámos entre monumentos,
    ali vivemos dias e momentos
    vocabulaiamente indescritíveis.

    Tudo eram festas, honras, distinções
    inebriando os teus vinte e tês anos,
    concertos a convite dos decanos
    das mais diversas instituições.

    Quando nos longos meses de morrinha
    te passeavas sob os soportais
    para fugir à chuva miudinha,

    eu tinha a sensação que à tua beira
    havia sempre sol... em doses tais
    que iluminava Compostela inteira!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  4. Pobre Sophia, que só viu Santiago de Compostela... de raspão! JCN

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