Fotografia de Maria Sarmento - Alcadeisa
Quase perdido do céu.
Voa uma palavra leve.
Com ela acaricias o coração.
És uma asa tocada
De lonjura:
Tempo dos vivos e dos mortos.
Uma palavra cega
Entrada no jardim do poema.
Um violino pensativo dorme na neve.
É hora de conter o grito.
E mastigar o silêncio.
suave como o trecho de paisagem
ResponderEliminarbeijinho
Tomara desfazer-me numa "asa tocada / De lonjura"!...
ResponderEliminarBelíssimo
A Poesia passou realmente por aqui! JCN
ResponderEliminarTambém se come o silêncio
ResponderEliminarcomo pétala de rosa:
é manjar por excelência,
refeição deliciosa.
De Poetas é comida
em taças de ouro servida!
JCN
Nem só o azul do mar
ResponderEliminaraqui, na imaginação do poeta,
na pupila do rosto da Europa:
O rosto de Saudade.
Não só o negro e o vermelho
A morte e a entrega à dura flor
da terra o corpo vermelho, ensanguentado,
Uma flor que brota da terra,
dos escombros, da destruição.
Pede-se uma palavra água, pão e lenço frio para a febre na testa, da criança engolida pelo pó.
Não só a fome e a sede da mais crua voracidade e abandono;
Do silêncio mais magoado
Da pétala de um braço;
um contido grito
uma surpresa que é uma boca esmagada.
O mundo ocidental come a sopoa
e come... e vê os rostos e os corpos: no chão, na dor... e come a sopa...
Humanos rostos e corpos de irmãos
e as lágrimas não chegam para sarar as feridas;
E o mar dos poemas de Saudades!
pudessem eles, em profundo silêncio e comoção
olhar nos olhos
o menino que estende os braços
E sobe da terra
Para uma nova vida.
Um novo olhar sobre os irmãos
que sofrem é o diálogo entre o azul e os dedos esticados,
Vidas entregues ao mais longo
desterro de uma nação:
Um depósito de vestígios da dura
ferida na pele de quem mal segura a cabeça e nem chora
Nem chora!
Choro no meu grito!
(Desculpem-me esta corrente de palavras, a pensar nos nossos irmãos no Haiti, para eles o meu pensamento: a preto e a vermelho, debaixo do mesmo céu azul, onde escrevo um poema, e alguém morre, sem ser assistido.
Não temos, de facto, perdão. Possamos um dia ter Paz!)
Haja imaginação
E pão, para todos!
à luta!
...E o mar dos poemas de Saudades!
ResponderEliminarpudessem eles, em profundo silêncio e comoção
olhar nos olhos
o menino que estende os braços
E sobe da terra...
E podem. A poesia é uma oração que toca os corações silentes de todos os lugares. Por isso és grande. Muito grande!
Que lindas as páginas do teu livro de vaigens à Saudade...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarOlhar nos olhos, Isabel... Assim contempla a 'poeta', Assim nos lê para lá pensamento, Assim nos envia, pelo azul do céu, depois da trovoada, quase perdida palavra, seu poema sem tempo, Como quem grita para dentro das varandas interiores, Tal mão a faz real, e ao real se faz próxima, procurando sempre encontrar a naturalidade do seu ser(-se), legando ao poema incontido, num grito emudecida, o silêncio ruminado da saudade digerida... e um sorriso :)
ResponderEliminarRui para ti outro, no poema informulado em palavras, mas aberto no olhar que olha nos olhos das paisagens e das viagens, a alteridade e o que está entre e é indizível. Há poemas que são quiasmas do olhar com o visto. Entre o teu sorriso e o meu, que ficará...?
ResponderEliminarApetece-me contar oq ue há entre mim e o que transborda de paisagens que não sei onde ficam, mas que o meu olhar já olhou...sei que as encontrarás...
Também tinha saudades de falar contigo...