domingo, 22 de novembro de 2009

“Sonhei, confuso, e o sono foi disperso...

“Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando despertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são

Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.

Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.

Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida.”

Fernando Pessoa, 28-9-1933

4 comentários:

  1. Se fosse o vinho, todos os que o bebem escreveriam assim...

    Bela entrada na Serpente, caro Venctus! É a consciência de sonharmos que nos Desperta.

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  2. O vinho não leva necessariamente à escrita, mas... ajuda, quando se tem queda, como é o caso! JCN

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