Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
QUE ESTRANHO
Se não falares é estranho. Se fores lá fora é estranho. Se fores para outra mesa é estranho. Se olhares ao redor é estranho. Se quiseres estar mais fresco e fizeres algo por isso, sem avisar, é estranho. Se não estiveres encolhido é estranho. Se te desviares da luz que te encandeia és estranho e não te desvias. Se te mexeres é estranho. És estranho, queres qualquer coisa, preparas alguma, pensam eles. Se escreveres és pensativo, tens mágoas, és estranho. Se os teus olhos tentam ver tudo, não conseguindo não obstante, és estranho. Se estás em silêncio alguma coisa se passa, estás estranho. Se não tiveres uma echarpe em clima quente és estranho. Se queres respirar és estranho. Se estiveres bem com o fumo és normal. Se cada um estiver na sua = com os seus - é normal. Se seja o que for, se tudo, te disser nada tens um problema, e isto é verdade? Se te mexeres duma certa forma és estranho também. Se fizeres isto tudo queres ser estranho, e isso é pior.
E... daí?!... JCN
ResponderEliminarA manada fica sempre meia desassossegada, quase nervosa, com a passagem, pelo meio dela, de alguém que não seja o pastor.
ResponderEliminarDesaparecesse este, por qualquer inesperada razão, e ficaria a carneirada toda a olhar entre si: entre o nem saber que se está desconfiado e o estar à espera nem se sabe de quê...
Carneirices!
(Tão humana coisa, infelizmente.)
Com uma diferença: os bovinos nascem para isso - serem manada.
Os humanos, nem por isso. Mas, sim, para serem ilhas dum vasto arquipélago. De preferência, pastores de si, mas não a si pastoreando-se.
(Texto acutilante e, hoje, bem oportuno.)
Boa... dedução! JCN
ResponderEliminarÉ tudo tão estranho, sobretudo nada se estranhar.
ResponderEliminarEste comentário é à margem da fina e aguda ironia do texto.
se tudo é estranho, somos estranhoa à vida. quer dizer que não existimos?
ResponderEliminarExistiremos, porventura (por ventura?), mas isso é tão estranho!...
ResponderEliminaré verdade só existimos por ventura. chama-se 'uma fézada'.
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