domingo, 15 de novembro de 2009

CRUCIAL DESASSOSSEGO

Onde te escondes, Deus, que não te vejo?
que aspecto tens, como é a tua face?
qual é, deveras, a palavra-passe
para te contactar, como desejo?!...

Que nome tens nos vários idiomas
falados sobre a terra, cada qual
com sua construção gramatical,
seus sons, suas cadências, seus aromas?

Onde é que tens a tua residência,
como é que lá se chega, quando um dia
vier a ser... a minha moradia?

Podias-me dizer... sen nenhum medo
de eu revelar, traindo, o teu segredo
caso me faças... essa confidência!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 15 de Novembro de 2009.

4 comentários:

  1. Pode ser que Deus esteja bem morto
    E enterrado sob algum penedo
    Dessa belíssima terra beirona
    Fulminado por raio do Ignoto

    O Nietzsche descobriu esse segredo
    E com os Faunos dança ao som da sanfona
    A alegria da sua grande vitória
    Sobre Fantasma que assombrou a história

    E gozou p’los séculos de falsa glória
    E levou à morte os inocentes
    Queimados na fogueira impenitentes

    Por isso é que Ele já não aparece
    Para responder à tristíssima prece
    Daqueles que ainda andam doentes

    ResponderEliminar
  2. "Pode ser, pode ser, pode ser"! Tudo "pode ser", carago! Menos o tal Nietzsche andar a dançar com os Faunos, ao som da sanfona (afina lá o cavaquinho!) nessas "belíssimas terras beironas (beiroas, se faz favor), enquanto o bom do Hitler ia abafando nas câmaras de gás milhões de compatriotas seus... escapadas às purificadoras chamas da santa inquisição. Tudo... a mesma choldra! E Deus... a rir-se... à gargalhada... ao som do violino! "Porra, senhor abade!" Abaixo o pai do Zaratustra... aniquilado pelo Deus que ele quis assassinar! Se o vejo por aqui... acabo-lhe com os restos do perguilho... e ponho-lhe um penedo em cima nos montes hermínios! JCN

    P.S. Os seus sonetos... põem-me os nervos em franja! Para lá chegar... precisa de comer muita broa beiroa! Vá tentando! JCN

    ResponderEliminar
  3. E agora ouça lá esta "prece" de um "doente"... sobrevivente das tolices do filósofo anatematizado pelo povo de Israel e por todo o mundo civilizado, à excepção de uns quantos (poucos) transtagannos... da margem sul:

    Senhor! ai se eu soubesse em minha lira
    dizer-te o qie me vai no interior,
    naturalmente, como quem respira,
    sem ter de estar meus versos a compor;

    ai se eu pudesse abrir-te o coração
    em frases de cadências musicais,
    exactamente como as tuas são,
    fluentes, espontâneas, naturais;

    só que eu, Senhor, temendo destoar
    do modo que tu tens de te expressar,
    há tanta coisa em mim que te não digo...

    Se eu soubesse falar à tua moda,
    havia de passar a vida toda
    horas e horas a falar contigo!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

    P.S. Vossemecê, senhor Feitais, é poeta... ou faz-se?!... Enquanto não afina o cavaquinho, và-se distraindo a espreitar as pombas pelo janelo do seu tri-semanal e acanhado palratório. Eu vou-me deslumbrando com as águias! JCN

    ResponderEliminar