CRUCIAL DESASSOSSEGO
Onde te escondes, Deus, que não te vejo?
que aspecto tens, como é a tua face?
qual é, deveras, a palavra-passe
para te contactar, como desejo?!...
Que nome tens nos vários idiomas
falados sobre a terra, cada qual
com sua construção gramatical,
seus sons, suas cadências, seus aromas?
Onde é que tens a tua residência,
como é que lá se chega, quando um dia
vier a ser... a minha moradia?
Podias-me dizer... sen nenhum medo
de eu revelar, traindo, o teu segredo
caso me faças... essa confidência!
JOÃO DE CASTRO NUNES
Coimbra, 15 de Novembro de 2009.
muito bom, Mestre
ResponderEliminargostei
Pode ser que Deus esteja bem morto
ResponderEliminarE enterrado sob algum penedo
Dessa belíssima terra beirona
Fulminado por raio do Ignoto
O Nietzsche descobriu esse segredo
E com os Faunos dança ao som da sanfona
A alegria da sua grande vitória
Sobre Fantasma que assombrou a história
E gozou p’los séculos de falsa glória
E levou à morte os inocentes
Queimados na fogueira impenitentes
Por isso é que Ele já não aparece
Para responder à tristíssima prece
Daqueles que ainda andam doentes
"Pode ser, pode ser, pode ser"! Tudo "pode ser", carago! Menos o tal Nietzsche andar a dançar com os Faunos, ao som da sanfona (afina lá o cavaquinho!) nessas "belíssimas terras beironas (beiroas, se faz favor), enquanto o bom do Hitler ia abafando nas câmaras de gás milhões de compatriotas seus... escapadas às purificadoras chamas da santa inquisição. Tudo... a mesma choldra! E Deus... a rir-se... à gargalhada... ao som do violino! "Porra, senhor abade!" Abaixo o pai do Zaratustra... aniquilado pelo Deus que ele quis assassinar! Se o vejo por aqui... acabo-lhe com os restos do perguilho... e ponho-lhe um penedo em cima nos montes hermínios! JCN
ResponderEliminarP.S. Os seus sonetos... põem-me os nervos em franja! Para lá chegar... precisa de comer muita broa beiroa! Vá tentando! JCN
E agora ouça lá esta "prece" de um "doente"... sobrevivente das tolices do filósofo anatematizado pelo povo de Israel e por todo o mundo civilizado, à excepção de uns quantos (poucos) transtagannos... da margem sul:
ResponderEliminarSenhor! ai se eu soubesse em minha lira
dizer-te o qie me vai no interior,
naturalmente, como quem respira,
sem ter de estar meus versos a compor;
ai se eu pudesse abrir-te o coração
em frases de cadências musicais,
exactamente como as tuas são,
fluentes, espontâneas, naturais;
só que eu, Senhor, temendo destoar
do modo que tu tens de te expressar,
há tanta coisa em mim que te não digo...
Se eu soubesse falar à tua moda,
havia de passar a vida toda
horas e horas a falar contigo!
JOÃO DE CASTRO NUNES
P.S. Vossemecê, senhor Feitais, é poeta... ou faz-se?!... Enquanto não afina o cavaquinho, và-se distraindo a espreitar as pombas pelo janelo do seu tri-semanal e acanhado palratório. Eu vou-me deslumbrando com as águias! JCN