sexta-feira, 20 de novembro de 2009

BEATRICE

É no soneto que me realizo
inteiramente, à minha dimensão,
é no soneto, sem qualquer senão,
que atinjo a perfeição, no meu juízo.

Nos seus catorze versos rivalizo,
tanto no ritmo como na expressão,
com tantos outros vates de eleição
de cujas obras-primas me autorizo.

Tudo me serve para meter nele...
mas de entre tudo quanto se refira
é sobretudo o Amor que me compele.

Só me lamento de não ser Orfeu
para me ouvindo Deus, ao som da lira,
por pena me deixar... ir vê-la ao céu!

JOÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 20 de Novembro de 2009.

3 comentários:

  1. Grande maquineta! É que não falha!
    Tudo consegue enchouriçar nos versos...
    Os temas mais difíceis e adversos
    E até mesmo a menos lustrosa palha.

    Engrenagem assim não tem igualha
    Aqui ou em qualquer lugar do mundo
    Em que a carenagem da fantasia
    Consinta engrenar-se com a tralha
    Que cai nesse poço negro e sem fundo

    Da monotonia do dia-a-dia.
    E o aparelho tem um maquinista
    Com um ego maior que um elefante

    No fio das palavras, trapezista
    Julga-se da Poesia um gigante
    A dar aos leitores sacos d'alpista.

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  2. E ainda vossemecê não viu nada! Apenas... uma amostra. Quanto a si... vá lubrificando a sua maquineta, que range por todos os lados, correndo o risco de gripar. Afine o cavaquinho! JCN

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  3. Que coisas tão bonitas de mim disse
    este gentil polígrafo Feitais!
    Estou-lhe muito grato. Quanto ao mais,
    é pena... não passar de palermice!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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