"[...] vejo hoje o pensamento estranhamente desprovido perante o reino do uniforme que, pelo facto de atingir doravante os limites do planeta, estabelece a sua lei - lei da força oculta e não do direito; e que, para além do sentimento de perda, nostalgicamente experimentado mas culpabilizando-se a si mesmo por não saber harmonizar-se com a nova dimensão das coisas, este colectivo atolamento no uniforme não é na verdade criticado: que a sua pseudo-universalidade não é claramente analisada. Ora, é no entanto precisamente aí, creio, que o desejado diálogo entre culturas encontra o seu principal obstáculo; como também a sua maior utilidade. Pois, tomando a uniformização ambiente pelo universal, falha-se ao mesmo tempo o recurso - que não seja somente conservatório ou museológico - da diversidade das culturas; assim como o plano - que não seja somente de imitação ou de assimilação - sobre o qual elas poderiam encontrar-se"
- François Jullien, De l'universel, de l'uniforme, du commun et du dialogue entre les cultures, Paris, Fayard, 2008, p.37.
A diferença entre-criativa é o valor fundamental. A uniformização cultural, ou o reversivo acantonamento em nacionalismos alucinados, são duas formas muito nefastas de recusa da cultura como expressão do humano e do que, através dela, tende à inclusão transmutadora e à transcensão superadora.
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Bem e precisamente o dizes, Paulo. Há que dia-logar e trans-logar, para ir além do lugar acolhendo nele todos os outros lugares e o trans-lugar Outro que em todos eles há. Ainda sonho que Portugal possa ser um lugar, ainda que aproximado, disso. Decerto que não com "nacionalismos alucinados".
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