sábado, 3 de outubro de 2009

"Convicções profundas, só as têm as criaturas superficiais..."

"Convicções profundas, só as têm as criaturas superficiais. Os que não reparam para as coisas quase que as vêem apenas para não esbarrar com elas, esses são sempre da mesma opinião, são os íntegros e os coerentes. A política gasta dessa lenha, e... é por isso que arde tão mal ante a Verdade e a Vida"

- Fernando Pessoa

6 comentários:

  1. Palavras de Verdade, Paulo!
    Que em mim caem fundo e questionam a "fidelidade" a uma ideia que, mesmo iludida, como em tudo da vida e do mundo, sempre se me coloca como uma decisão: a de como conjugar a Verdade e a Vida com "a estagnada água do estagnado rio".

    É minha convicção que, em política - e, evidentemente, não só, também nas coisas da Verdade e da Vida - precisamos mais de quem queira servir do que de quem queira servir-se...

    Na política como na vida, precisamos esquecer-nos de nós para ouvir e agir em conformidade, sem hipotecar a Verdade e a Vida...

    Não parece fácil. Não é.

    Se repararmos bem nas coisas para não esbarrar com elas...verificamos que há balanças que estão muito desiquilibradas... e muita "paz podre" nesta "democracia", e outros tantos direitos por cumprir...

    Uma difícil chama onde também ardo,convicta de que não estou isenta de culpa...

    Confesso-me humildemente pecadora, não tanto, mas também, em matéria da Vida e da Verdade, mas mais em matéria das convicções políticas... optando com coerência, no que me surge como mais benéfico para a liberdade da incoerência!

    Um abraço, Paulo, e um sorriso:)

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  2. Sempre me quis parecer que "convicções profundas" foi coisa que Pessoa nunca teve ou terá tido. Depreende-se. JCN

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  3. Não será por isso que ele se "despersonalizou" por vários "eus", cada um a seu jeito?!... JCN

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  4. Sem mística não há política que valha: governa-se, acreditando. JCN

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  5. Que seria de nós... governados poi um genial Pessoa?!... JCN

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  6. Este texto furtou-me ao retiro da palavra que me havia aqui imposto.

    Se, com cirúrgico rigor, o texto de Pessoa toca na fraqueza, na doença e na ferida do ser "con-victo", Saudades tocou num ponto axial e crucial, a um tempo "laminar" e liminar.

    Fidelidade - como e onde se ancora, e até onde se alcandora ela?

    Com o intrínseco limite que todo o dizer implica, me parece que fidelidade apenas sê-lo-á sempre provante, comprovante e improvante, se for fiel ao sem-fundo da profundeza do si e do além e aquém dele (o que vai, alfim, ao mesmo), bem assim como se fiel for ao além de todo o limite e outrossim de todo o ilimite.

    É no sem pé que aprendemos a nadar, ou que nos afogamos. É sempre, pois, no perigo dos apenas sinalizantes "extremos", e no perigar-se-nos tudo o que nisso nos é mais (aparentemente) preciso ou precioso, que roçamos o sem-perigo do "Perigoso" Sem-nome que em nós faz todo o jogo e todos os jogos, o da vida e da morte, o do nada disso, o do nada nisso, e o de nada disso.

    O grande Jogo, que em si, a si e em tudo e nada se joga é afinal um jogo de nada, de nada de nada...

    Daí eu conceder a razão do possível a Pessoa, por em todos nós, acredito, alguma (ainda que ínfima) parte arder "tão mal perante a Verdade e a Vida".

    Esse é o nosso calcanhar de Aquiles, e o nosso melhor amigo e ajuda.

    Quem não o comprende nem sequer discerne o bastante para não esbarrar com isso.

    E, porém, quantos de nós estão disso já inteiramente livres, ou podem disso estar certos de estarem isentos?


    P.S.
    Em rodapé, solicito a JCN que se coíba de comentar (por qualquer forma ou meio) este meu comentário, e se cinja, se o queira, a comentar tão-só o texto de Pessoa, ou os comentos de outros que aqui isso lho consintam.
    Mero exercício de liberdade, que tem incluso o mais puro respeito.
    Obrigado.

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