sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A cereja no bolo para despedida... pelo portão da frente, engrinaldado. A não ser que... JCN

RETROSPECTIVA

Gosto, confesso, de sentar-me à tarde
num banco de jardim ou de avenida
e em paz com todos, sem qulquer alarde,
rever como num filme a minha vida:

a minha infância, os meus estudos, tudo
o que me sucedeu durante os anos
da minha juventude e, sobretudo,
as minhas ilusões e desenganos.

Quanta baixeza vi, quanta nobreza
achei também em muita criatura
com que lidei sem sombra de vileza!

Mas o que mais me abisma é constatar,
"alma minha gentil", a quanta altura
por ti pôde chegar meu grande amor!


JOÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 2 de Outubro de 2009.

7 comentários:

  1. sem qualquer alarde... e consegues?

    não te preocupes jcn, sair e entrar são a mesma coisa.

    já agora uma anedota (só faltava esta depois dos sonetos as anedotas... a serpente anda estranha)

    -(ébrio) sr. policia diz-me onde é o outro lado da rua?
    -(polícia)é do outro lado
    -(ébrio) porra... mesmo agora vim de lá, e dizeram-me que era aqui.

    (anedotas para a nossa idade, livro a editar, se conseguir.)

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  2. Vou tomar uma injecção de gás hilariante... para ver se consigo riri-me, pois com bobos deste calibre... a coisa não está nada fácil, carago! JCN

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  3. Perdoa, Camões... se, valendo-me de ti, acaso te excedi, deixando o sr. BAAAL aturdido, de olhos em bico, a contar anedoras... para o boneco! Alguém viu a graça... por aí? Se, porventura, isso acontecer, dão-se alvíssaras a quem der aviso. É dela que eu preciso... ao dar o fora. Sempre é uma despedida, embora de olhos secos e sem lenço branco. JCN

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  4. meio Camões meio Ricardo Reis (?)
    gostei
    jcn é mesmo um mestre do soneto.
    Com todas as contradições que possa ter quando come o esparguete ou fuma a cigarrilha café-creme.
    o meu modesto mas sincero abraço

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  5. é preciso pensar jcn, é preciso pensar. o conhecimemto não é uma repetição, é (a)risco.

    a anedota não era para ter piada.

    era para utilizar o teu veneno de uma forma social.

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  6. Bem me parecia, sr.BAAAL, bem me parecia.
    E que fazer rir... é bem mais difícil do que pensar! À falta de plateia, ria-se sozinho... para dentro! Quando me deixa ir embora, à cata de aplausos em outros areópagos... menos envenenados?!... Repetitivamente, diria com Torga que já os pássaros se estão recolhendo aos ninhos! E, com Pessoa, remataria em clássica faena de capote: É A HORA! JCN

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  7. Sr. PLATERO: cada um a seu jeito, recebemos ambos "o baptismo dos Poetas". Varia apenas a forma de expressão, porque em mestria, como disse um dia o grande Aquilino, na sua arcaica linguagem beiroa, é "elha por elha". E quando é que aos Poetas se exigiu que não fossem contraditórios?... Alguém o é mais que Pessoa?... Que formidavel catavento! Em comparação, não passo de rígido tomista ou, se preferir, aristotélico. Só que não desse néctar que se alimenta a nossa deusa, "cheirando a "sol e sul", que são palavras que separadas andam por todos os vocabulários. Só que em juntá-las é que está... o segredo... que faz os Mestres. Nunca nos falte a inspiração! JCN

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