quinta-feira, 29 de outubro de 2009

aí está o OUTONO


com o strip-tease arbóreo
os plátanos os áceres
as sensuais catalpas vestidas só de frutos
os ulmeiros
as onomatopaicas olaias cujas folhas
são páginas inteiras de ÓOs

as cores vivas das montras
contra o nevoeiro-cinza que enche as Ruas
rolos de edredons
manequins vestindo peles pela primeira vez:
raposas martas astrakhans

os cães dos fumadores de haxixe
e os donos-companheiros
junto às fontes da cidade

o vento fresco varredor de folhas de árvores
e do som metálico das horas
dos relógios das igrejas

mas sobretudo
o cheiro feromonico
do fumo acinzentado
das castanhas

aí está o Outono
e entra-nos no sangue

9 comentários:

  1. O Outono! Em sentido "literal"?
    (riso)

    O Outono da cidade é uma aparição de toda a realidade a bater-nos na "cara do entendimento" mal tivemos tempo para nos desviarmos das folhas: de ácer, de plátanos, os ulmeriros e... todas as de folha caduca... (o melhor é não me adiantar muito para não tropeçar... nem fazer confusão entre as caducas e "as caducas"... ou entre elas e a mais confessada ignorância dos nomes das coisas que são árvores de "outonar".

    O cheiro inconfundível das castanhas!
    Caem as sombras de outono!

    Entra no ar o cheiro
    das castanhas...
    Não tarda a anoitecer...

    Um beijo dado no vento,
    em cinza e nevoeiro!
    Anoitece!

    A folha caiu da árvore
    o pássaro tremeu
    O vento traz a chuva!

    ...

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  2. lembras-te do Portugal amarelo por dentro - das tintas e do fumo - eu fumava cachimbo, expelia fumo que nem máquina dos Caminhos de Ferro a caminho da Casa-Branca

    O portugal era um Café de outono-inverno. das mesas de mármore húmidas, do pavimento escorregadio,
    da atmosfera condensada do ar da respiração e do fumo do tabaco.

    lembro-me de te justapor à Maria dos versos do nosso RODAPÉ, e de ter sentido uma lagriminha muito saudável escorrer-me pela cara abaixo. É bem possível que fosse Outono e as ruas já estivessem cheias do fumo das castanhas
    se não, também não faz mal. é para isso em parte que serve a poesia

    o beijo que me mandaste era " no vento"
    ou "nas ventas"?

    beijinho sério para ti

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  3. Ó Platero!!!
    Não se pergunta!

    Estás muito pessoano, hoje:

    "Ventas nas Pias!"

    Lembro, mas parece que não era eu... e era...

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  4. Ulmeiros, os negrilhos, por terras de montanha rareados;
    olaias, ou árvores do amor e o limbo córdico;
    catalpas, e a linearidade dos frutos;
    uma ávore longal que branda aroma às folhas,
    o perfume das castanhas que cinzam o olhar ‘outone’,
    um quente interior vazio que gira por entre as formas.

    em dedicatória

    Abraço amigo!
    um sorriso à poetiza.

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  5. Que doce que é o outono
    com as folhas a cair:
    dá vontade de ir dormir
    um reconfortante sono!

    JCN

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  6. JCN

    despem-se as árvores nas Ruas
    nos Parques na Avenidas
    certas mulheres bem vestidas
    sem que o pareça andam nuas

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  7. RUI MIGUEL

    Feliz por te ter inspirado
    brilhante comentário

    abraço

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  8. Em cada ser que nasce há um Outono que se augura e chora.

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  9. Quem dera, meu caro e admirado PLATERO, que fosse sempre OUTONO... com folhas a cair das árvores e lindas mulheres a ver as montras muito bem vestidas... embora ao mesmo tempo discretamente nuas! Sempre Outono... com castanhas transmontanas em terras transtaganas! Que delírio! JCN

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