os aviões as vidas
o ar quente os prédios
os centros de negócios
incêndios
o cimento e o ferro
ardendo
os gritos das sirenes
o desespero da gente
os cães os gatos
os pardais fugindo
a luz do fogo
eu almoçava só
como se não fosse gente
magma de cimento
equipamentos de escritório e ferro
e alcatifas
lava
de betão e gente
eu almoçava – lembro-me perfeitamente -:
feito por mim
arroz de tomate
e jaquinzinhos fritos
mesmo que os não houvesse
eu ouvia gritos
mas disto estou seguro
como se fosse agora lembro
o voo dos aviões
determinado recto
contra as sinistras torres
do World Trade Center
Eu estava a comer hamburguer com ovo, a minha mãe na cozinha, chamei-a. Saí à rua, tudo obviamente espantado. De facto pergunta-se se o 11 de Setembro mudou o mundo ou nos mostrou como o mundo já tinha mudado. Certamente mudou o mundo de todos aqueles que com ele sofreram, directa ou indirectamente - todos nós?
ResponderEliminarMuitos males do mundo teriam termo se cada homem se dedicasse à culinária mais simples, mais próxima do dia e do que ele trouxer (o simples acto diário de ir às compras - fora dos hiper-qualquer coisa que estão por todo o lado - , pode ser uma forma de partilha da humanidade, o perguntar pela frescura do peixe, pelas maçãs mais sinceras, pelas crianças do sr. do talho, pelas férias do pessoal da frutaria, etc.).
ResponderEliminarMuito do que escapa a estes actos de presença diária só faz inferno e traz maldição (é uma maldição o sermos escravos do tempo e mestres da sofreguidão).
O gosto pela culinária ajuda a temperar o carácter. :)
Paulo
ResponderEliminarGostei do comentário poético
- maçãs sinceras
que tomo por:
verídicas, honestas
abraço