sexta-feira, 11 de setembro de 2009

minha memória de Setembro


os aviões as vidas

o ar quente os prédios

os centros de negócios

incêndios


o cimento e o ferro

ardendo

os gritos das sirenes

o desespero da gente


os cães os gatos

os pardais fugindo

a luz do fogo

eu almoçava só

como se não fosse gente


magma de cimento

equipamentos de escritório e ferro

e alcatifas

lava

de betão e gente


eu almoçava – lembro-me perfeitamente -:

feito por mim

arroz de tomate

e jaquinzinhos fritos


mesmo que os não houvesse

eu ouvia gritos

mas disto estou seguro

como se fosse agora lembro


o voo dos aviões

determinado recto

contra as sinistras torres

do World Trade Center

3 comentários:

  1. Eu estava a comer hamburguer com ovo, a minha mãe na cozinha, chamei-a. Saí à rua, tudo obviamente espantado. De facto pergunta-se se o 11 de Setembro mudou o mundo ou nos mostrou como o mundo já tinha mudado. Certamente mudou o mundo de todos aqueles que com ele sofreram, directa ou indirectamente - todos nós?

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  2. Muitos males do mundo teriam termo se cada homem se dedicasse à culinária mais simples, mais próxima do dia e do que ele trouxer (o simples acto diário de ir às compras - fora dos hiper-qualquer coisa que estão por todo o lado - , pode ser uma forma de partilha da humanidade, o perguntar pela frescura do peixe, pelas maçãs mais sinceras, pelas crianças do sr. do talho, pelas férias do pessoal da frutaria, etc.).
    Muito do que escapa a estes actos de presença diária só faz inferno e traz maldição (é uma maldição o sermos escravos do tempo e mestres da sofreguidão).
    O gosto pela culinária ajuda a temperar o carácter. :)

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  3. Paulo

    Gostei do comentário poético

    - maçãs sinceras
    que tomo por:
    verídicas, honestas

    abraço

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