segunda-feira, 7 de setembro de 2009

desnorte


Desfaço-me na brisa e rocha impura broto além

Feito de maresia e alegria pura sou o mesmo e ninguém

Nem homem já nem o que seja que se veja

E se queira frente a um espelho

Giesta e cascalho adormecido por fora

Aluvião do fundo do rio sem destino nem paragem

nem miragem nem real

Todo o deserto e toda a planura

A terra escura debaixo do chão

Canção de pedra que ampara as vozes dos perdidos

Campo de sortes e catedral

De muitas mortes rasgado largado na imensidade

Com medo da claridade que há lá bem no fundo

3 comentários:

  1. No "fundo" das coisas, as coisas serão ainda coisas?...

    E estará a poesia nas coisas, ou em algo que as perpassa e porventura nelas repousa, porque esteja no olhar de quem as olha e por elas passa, e assim as olha porque elas o olhassem?

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  2. Céu e Terra
    ambos nos (des)orientam

    Belo poema, Paulo.
    Belo*

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