quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sentir a realidade - uma breve especulação a partir dos primeiros dois trechos

Os símbolos e as interpretações são desnecessários porque temos a realidade - demasiado rica, ou quer a julgues pobre: é o que é.

Ascende à realidade que aparece ante ti. Penetra os seres com a tua visão. Transmuta-te.

Pratica a ascese do olhar, toca nas coisas: tu próprio és fenómeno.

Vai delas para lá delas e perceberás que elas são isso. São o que vês e o abismo que sentes.

Compreende que tudo conflui nesse abismo, que é também abismo da alma.

A alma é também um fenómeno: abençoado fenómeno!, perpassado pelos esgares da consciência.

A consciência é una, universal, comunitária. A minha consciência, propriamente, não existe.

Depressa passará, e cairá na grande malha do Esquecimento. Mas sempre fluirei na grande corrente do Universo.

Apareço e desapareço por entre os meus esgares, teus esgares, como um grito, uma lágrima ou o riso de Deus, palavra que nos confunde.

De onde vimos? Para onde vamos?

Ninguém sabe de onde vem nem para onde vai, embora todos saibam onde estão.

O passado e o futuro são escuros, o presente é luminosidade perpassada por escuridão, como o dia o é.

Porque na verdade o mundo é mistura. Ziliões de átomos e seres em colisão, que se atraem e repelem, que se unem, que choram, gritam e amam.

O mundo é uma grande história de amor, A grande história de amor, um romance, pleno em aventuras e desventuras, e a História é Fortuna.

Tudo isto podemos saber, tudo isto podemos esquecer. Tudo isto podemos embrulhar como quem guarda carinhosamente o maior dos tesouros e, num relance, contemplar - não sem o uso da imaginação, outra palavra que confunde.

Ou podemos simplesmente ser... o dia.

Saúde!

1 comentário:

  1. sentir a realidade...é viver um sonho ;)

    escreves divinamente!

    bj especial em ti

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