sexta-feira, 24 de julho de 2009

Portugal, um país de transcensão. Num mundo pós-colonial: transcensão ou morte?

7 comentários:

  1. A segunda é a versão falhada da primeira.

    Será Portugal um sujeito, para se defrontar com a alternativa?

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  2. Penso que sim, um sujeito constituído pelos portugueses. Penso que nos defrontamos com a alternativa, que nos temos defrontado com ela ao longo dos séculos. Temos sobrevivido, sempre em transcensão, sempre em luta. Que papel para nós neste "novo mundo"? Sobreviveremos ou seremos reduzidos a um mero ponto de passagem geográfico de mercadorias de outros, um destino de férias? Alguma vez voltaremos a ser grandes e reconhecidos? Será o nosso futuro hipotético império o império que põe fim a todos os impérios? Teremos essa honra?

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  3. Uma correcção ao que disse: não, de facto Portugal não é um sujeito como uma pessoa é. Mas há algo que nos une, daí sermos portugueses. Será meramente o facto de termos nascido em Portugal? Nesse caso, talvez fosse melhor falarmos de um espírito ibérico. Como qualquer país, somos uma comunhão de espíritos que só se nota nos melhores e nos piores momentos. Mas o que nos torna diferentes dos outros países? O que constitui a nossa identidade enquanto Portugal e portugueses? A hipótese do post é a de que ser português é constantemente transcender tudo: espaço (Descobrimentos, migrações), tempo (saudade), pequenez (V Império), a si mesmo. Num mundo sem pós-colónias, caracterizado por sabedoria e tecnologia sem par e que tentamos arduamente acompanhar, qual o futuro para um país como o nosso? Como nos poderemos transcender desta vez e disseminar aquilo que somos?

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  4. Como poderá Portugal sobreviver, não à perda da sua cultura ancestral (porque essa perda é a meu ver essencial por sermos transcensores), mas à impossibilidade de expansão? Não nos expandirmos, transcendermos, é morrermos. A expansão, a transcensão, ocorrerá sempre (a morte é de facto a versão falhada da transcensão). Por isso somos "nação valente e imortal".

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  5. A potencialidade de transcensão e auto-transcensão contínua é a potencialidade natural de todo o ser e de toda a mente, pois a sua natureza promordial é o infinito. Creio que não devemos nem podemos nacionalizar o que é universal, sob risco de cairmos na armadilha do "povo eleito" e em messianismos duvidosos. O que não quer dizer que o ímpeto para o infinito e a universalidade não possa tornar-se mais presente e evidente em certos povos, culturas e momentos históricos. Creio que em Portugal nos debatemos com duas coisas contraditórias: por um lado o ímpeto de transcensão, por outro o de passividade e de acomodação. Para seguirmos o primeiro a rota está traçada desde Antero, Pascoaes, Pessoa e Agostinho da Silva: descoberto o mar e a terra, falta descobrir o Céu, as "Índias espirituais", o invisível. E renovar o mundo a partir dessa nova e suprema Descoberta! Isso começa já, neste e a cada instante, em cada um de nós.

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  6. Talvez sejamos - os portugueses - de facto eternas crianças. Ao contrário dos povos nórdicos, frios e sérios. Talvez sejamos saudavelmente bobos. Se o somos, a nossa importância cósmica é fulcral, porque os bobos e a festa, a alegria, o convívio e comunhão são o que dá sentido ao Cosmos. Como bobos, não temos rota, mas apenas presente: improviso, arte, engenho, autodidactismo, ingovernabilidade, inssurreição, emoções fáceis e profundas.

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  7. Portugal não é um sujeito. Não tem garra para se defrontar com a alternativa porque não há alternativa. Não há novo mundo, a não ser o velho mundo remendado. Transcender é não ter para onde ir.
    "Nação valente e imortal" é memória no prego. Somos um povo universal com identidade futebolística e atitude messiânica cristã que é o mesmo que dizer "Atem-me na cruz do fado, dêem-me vinho para me esquecer de o cantar ou para cantá-lo com a voz ainda mais grossa e espetem-me até ver o Senhor ". Isto tanto em cima como em baixo, que é sempre outra forma de dizer as coisas. E o resto que se lixe! VIVA PORTUGAL que nós gostamos sempre da família!

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