sexta-feira, 24 de julho de 2009

"Não fundei a minha causa em Nada"

"Eu sou o proprietário da minha potência e sou-o quando me sei Único. No Único, o possuidor retorna ao Nada criador de onde saiu. Todo o Ser superior a Mim, seja Deus ou o Homem, fraqueja diante do sentimento da minha unicidade e empalidece ao sol desta consciência.
Se fundo a minha causa em Mim, o Único, ela repousa no seu criador efémero e perecível que se devora a si mesmo e posso dizer:
Não fundei a minha causa em Nada"

- Max Stirner, O Único e a sua Propriedade.

50 comentários:

  1. O Criador devora-se sempre a si próprio. Olha para nós...

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  2. Rasputine, vi o teu falo num museu.

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  3. Espero que tenhas gostado.

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  4. Grande excerto. Muito profundo. O perecível, autodevorando-se, revela-se incausado?

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  5. O perecível devora o profundo incausadamente.

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  6. há petição de princípio no 2 parágrafo.
    s(z)enão até o heidegger assinava por baixo.

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  7. Se fundo a minha causa em Mim = o Único = o seu criador efémero e perecível que se devora a si mesmo,então
    Não fundei a minha causa em Nada"


    não há petição de princípio.

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  8. eu = o único = o nada criador de tudo

    auto-contraditório

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  9. como pode o que é superior fraquejar ante o inferior?

    necessariamente falso.

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  10. como pode a sua potência ser sua apenas quando dela tem consciência?

    não existe nos outros momentos? existe mas não é sua?

    que não existe nos outros momentos é impossível, dado que morria sem ela.

    logo existe mas não é sua. é de outros, é de Deus?

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  11. "no único". o que é isso? que lugar é esse? trata-se de um estado mental? descartado como filosofia, passa para o domínio da psicologia.

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  12. como pode algo sair do nada criador e no entanto ser o seu criador efémero e perecível?

    poderíamos identificar esse algo com o nada criador mas... não é o nada criador eterno e imperecível?

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  13. se o nada criador é Deus, e se tudo dele provém, e se o único é o retorno ao nada, a Deus, e se é no único que a minha potência é minha, como posso afirmar que não fundei a minha causa em nada, em Deus?

    A menos que se proponha um abandono de Deus, o que não proposto pelo texto, pelo contrário, é proposto o retorno a Deus, mas a Deus enquanto o Nada ou o Único.

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  14. o único começa por ser uma categoria epistemológica - "quando me sei".

    daí passa a ontológica, como se fosse um lugar - "no único". mas não é um lugar, mas um estado mental, ou de perspectiva do mundo.

    mais uma vez, epistemologia disfarçada de ontologia.

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  15. daí que a conlusão correcta do autor deveria ser uma conclusão repleta de atitudes proposicionais ou modalidades. algo do género:

    se fundo a minha causa naquilo que penso ser eu, é possível que não a tenha fundado em Deus.

    claro que não surtiria o efeito mágico que surte.

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  16. "eu sou o proprietário da minha potência" = a minha potência é minha.

    tautologia.

    "e sou-o quando me sei único".

    atitude proposicional. subjectividade. inválido.

    "no único, o possuidor retorna ao nada criador de onde saiu" - no nada criador não há coisa alguma, logo não há possuidor, nem único.

    "todo o ser superior a mim, seja Deus ou homem, fraqueja diante do sentimento da minha unicidade e empalidece ao sol desta consciência" - sentimento e unicidade: atitudes proposicionais, subjectividade, inválido.

    "se fundo a minha causa em mim, o único, ela repousa no seu criador efémero e perecível que se devora a si mesmo" - o único é o nada é Deus é imperecível. a menos que não exista.

    "não fundei a minha causa em nada" - não fundei a minha causa em Deus, fundei-a em mim, o único. mas o único é Deus. logo fundei-a em Deus. inconsistente. contraditório.

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  17. leia-se sentimento e consciência em vez de sentimento e unicidade no comentário anterior.

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  18. stirner inverte os papéis comuns da epistemologia e da ontologia. primeiro o sujeito do conhecimento, depois o objecto do conhecimento. a realidade dependendo do conhecimento da realidade. a realidade dependendo das possibilidades da sua captação. kantiano.

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  19. caridade.

    eu sou um mero mortal, vindo de Deus, e embora saiba que eu e tudo em mim dele provém, penso que sou proprietário da potência que me foi concedida por Deus. ela não é de Deus nem de outrém, porém apenas quando desperto para o facto de eu ser único, ou seja, individuado. a minha essência, o que me individua, porém, é o que me desindividua, e me torna semelhante a todos os outros, deuses ou homens. essa semelhança é a minha essência, o que me individua, o que me distingue do outro. o que me distingue do outro é ser essencialmente igual ao outro.

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  20. tudo existe em equilíbrio e nada de facto é ou acontece, excepto o nada. parmediano.

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  21. naturalmente tudo isso são ilusões criadas pela mente. existe tudo o que aparentemente existe, como aparentemente existe. seres individuados, mudança, movimento, espaço, tempo, consciência, objectividade e subjectividade...

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  22. a própria filosofia tanto é um ir de encontro ao que existe como um escape do que existe. tudo depende de sermos empiristas ou racionalistas, respectivamente.

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  23. como pode ser filósofo aquele que não é amigo do conhecimento, aquele que não gosta de conhecer? não é a filosofia a amizade pelo conhecimento?

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  24. o filósofo ama tudo aquilo que pode conhecer.

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  25. perdão, não ama tudo aquilo que pode conhecer, ama o conhecimento. por isso diz sim quando lhe é dada oportunidade para conhecer seja o que for que desconheça.

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  26. por isso, melhor do que dizer-se que a filosofia é um treino de morrer e de estar morto, o que é quase incompreensível senão à luz de pensar a morte ou de ter consciência dela como diz heidegger, é dizer-se o simples que

    a filosofia é o amor pelo conhecimento.

    e

    um filósofo é alguém que ama o conhecimento.

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  27. há porém pelo menos dois tipos de conhecimento: proposicional e por contacto directo.

    não diremos que os filósofos preferem o primeiro, mas que alguns preferem o primeiro, outros o segundo.

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  28. porém, será que o mero contacto irreflexivo com os objectos gera conhecimento? psicologicamente, sim. mas filosoficamente?

    filosoficamente é provável que não, dado que o conhecimento filosófico é historicamente categorial, universalizante do particular, silogístico ou argumentativo (ainda que por raciocínios inconscientes).


    ex. eu sou um homem, os homens são mortais, eu sou mortal.

    porém, quando diz que os homens são mortais, já filosofou, já conheceu que todos os homens são mortais. como? por indução.

    a indução é uma das bases do raciocínio.

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  29. o connhecimento filosófico pode ser apenas indutivo, ou indutivo e dedutivo.

    que todos os homens são mortais é um conhecimento filosófico, porque já houve generalização e é meramente indutivo.

    que eu sou mortal por ser homem contém a indução todos os homens são mortais e a dedução, o silogismo.

    porém, para que ocorra aquela mera indução também é necessário raciocínio.

    porém, o raciocínio não é suficiente para que ocorra filosofia. tem de haver também sujeito do conhecimento, isto é, consciência, dado que uma máquina inconsciente também pode raciocinar, mas não filosofa. não ama nem conhece.

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  30. se a filosofia é o amor pelo conhecimento então os dois nomes fundamentais (para que se conheça a filosofia, para que se saiba o que é) e fundadores (causadores) da filosofia são "amor" e "conhecimento".

    daí que o filósofo que aceita esta definição do seu filosofar (amar o conhecimento) se deva empenhar arduamente em saber o que são o amor e o conhecimento, e adequar as suas conclusões ao que é o amor pelo conhecimento.

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  31. resumo das definições:

    a filosofia é o amor pelo conhecimento.
    o filósofo é aquele que ama o conhecimento.
    filosofar é amar o conhecimento.

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  32. resumo das duas perguntas fundamentais para o filósofo:

    o que é o amor?
    o que é o conhecimento?

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  33. perdão, no comentário anterior deve ler-se para o filósofo da filosofia em vez de apenas para o filósofo. já que o filósofo de outra coisa qualquer pode estar tão embrenhado nisso que está desinteressado em definir o que faz. mas isso não é agir sem sentido? e quem disse que os filósofos procuram sentido algum? isso é um acidente. o próprio filósofo pode ser materialista ao ponto de apenas amar conhecer coisas materiais e descartar o conhecmento metafísico como inútil ou mesmo como não conhecimento, porque não sensível ou meramente provável. naturalmente, a realidade é apenas uma probabilidade.

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  34. Foi o mesmo estúpido/a que escreveu esta diarreia pseudo-analítica? Desperta, homem/mulher! Consegues pensar assim quando fazes sexo ou amor, conforme prefiras, embora vá dar ao mesmo!?

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  35. o filósofo pode passar uma vida inteira a meditar sobre uma pedra que apanhou no chão porque se interessa por essa pedra, encontra nela um mistério. e ama-a como ama o mistério. pode até acabar por amaá-la muito mais e desprezaar o mistério, desprezar Deus, e afirmar que a Criatura é sempre melhor que o Criador. mas aí estaria já a atriguir categorias suas a algo que é diferente podendo estar a cometer um erro categorial.

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  36. Gárgula, de facto tens razão. o sexo e o amor aniquilam a importância de tudo o mais e dão sentido à vida e ao Cosmos.

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  37. só estava à espera que alguém me parasse. obrigado, Gárgula.

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  38. Pois é. Foder é bom. Sabem o que quer dizer, em latim? Cavar, aprofundar.

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  39. o filósofo ama a Sofia (se for interessante, claro está). esta não tem piada, mas a esta hora é o que se pode arranjar. petição de finalidade aceite.

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  40. SUBTILIDADES

    (Max Stirner)

    Em tempos disse um magno pensador
    que para se fazer uma viagem,
    seja para onde ou de que modo for,
    tem rigorosamente mais vantagem

    levar uma mão cheia de poder
    do que uma mala cheia de verdades,
    o que está longe de me surpreender
    dadas as suas... singularidades.

    Com o poder na mão somos uns reis
    perante os quais o povo se descobre
    mesmo os sabendo uns déspotas cuéis.

    Quanto às verdades... temos conversado:
    sendo-se fraco, desvalido ou pobre,
    com elas não se chega a nenhum lado!

    JOÃO DE CASTRO NUNES

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  41. A verdade... é que ninguém estava à espera da tua piada! Escusavas de ter forçado, tirando-a a saca-rolhas! Assim... não dá!

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  42. Concluindo o raciocínio:

    Minhas senhoras e meus senhores, vão-se foder! É a piada possível a esta hora.
    JNC, doutor, por favor, valide. Deus espera por nós para o mesmo efeito, pois não fundou a sua causa em Nada.

    Psicologicamente me retiro para o canto onde a filosofia apodrece.

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  43. “Com elas não se chega a nenhum lado”
    Diz o fraco membro da Verdade
    E em austero gesto de liberdade
    Lança atrás a real capa do seu fado.

    Uma mão cheia de nada já me mostra,
    Uma mão cheia de tudo lá me esconde,
    Mas nada me transmite sem que afunde
    Os santos do altar onde se prostra.

    Ah! Déspota cruel e irrisório!
    Pudesse eu tirar-te o suspensório
    Dessa alma pendente que se esvai…

    Sofrerias de grave arrependimento
    Por aquilo que me vem ao sentimento
    Sempre que me oiço a chamar-te: Pai!

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  44. Estou a afinar a lira... para "validar". Entretanto, também vou para o canto... psicologicamente. Nada há... como a perfeita conformidade! Falando a sério, mesmo não sendo altura para qualquer piada... dessalinizada. Minhas senhoras e meus senhores, eu... tão-pouco! Pelo menos... por agora! JCN

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  45. Afina o cavaquinho, ó pá!
    JCN

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  46. Blá blá blá blá e céu é o limite. Dentro da cabecinha de cada um, claro!

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  47. Ó cavaquinho, espera aí que eu vou afinar a orquestra.

    Instrumento triste!

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  48. Tristonho ou não, sempre é um recurso para quem não tem dedos para a ... lira, reservada aos "orfeus". Sai da orquestra, pá!
    JCN

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