sexta-feira, 17 de julho de 2009

Luxúria

“Luxúria, luxo, comércio, indústria, ciência, filosofia devem ser abominadas quando se exercerem apenas numa forma terrena, alheada dos Céus. Mas quando o sopro divino destes animar quaisquer ocupações da Vida, quando essas ocupações forem formas particulares de ascese, então eles se divinizarão, saindo da sua atitude profana e herética. Enquanto só da Terra é que tudo é condenável, desde a vida do lar ou a actividade bruta e inteligente das oficinas até à prostituição ou aos movimentos sociais revolucionário. […] Desde que tenhamos só preocupações humanas, terrenas, não sentindo exclusivamente Deus em toda nossa vida, somos infernalmente condenados, quer haja em nós honestidade quer haja desonra. O que devemos é viver só para Deus, na luxúria, na pomba e em toda a vida. […] O pai que se preocupa muito com os filhos, o comerciante honrado que pensa muito nos seus negócios, o escroc que só vive para as suas trapalhices, são igualmente abomináveis visto as suas preocupações serem da Terra e não dos Céus. Não encontro neles diferença alguma. E na mesma ordem de ideias abomino, no fundo, a luxúria que não e de místicos e não se exerce misticamente. Mas quando assim se exerce o caso e diferente, então Sodoma divina-se.”

Raul Leal, Sodoma Divinisada, p. 12

28 comentários:

  1. contraditório de luxúria17 de julho de 2009 às 18:12

    "A lei suprema da Vida é a lei do sacrifício."

    "A lei do sacrifício é a lei do amor e do trabalho."

    "O português, ser individual e humano, deve sacrificar a sua vida à Pátria portuguesa-; ser espiritual e divino."

    Teixeira de Pasco ais

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  2. Ora bem, eis o cerne desta crise humana.

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  3. A virtude, a razão e a lei são as rédeas das paixões.Ouvi dizer.
    Eu até sei disso, mas custa-me amar o inimigo, dar a outra face depois de ter levado com um paralelo, não julgar, sacar a viga do próprio olho, deixar os mortos enterrarem os mortos, ir como cordeira entre lobos, não levar a pochete,nem o alforge nem as sandalecas, berrar aos quatro ventos que o reino dos céus chegou, pedir que nem uma doida para me ser dado, não me preocupar nadinha com a vida e procurar o reino de Deus que nem sei onde é não é para mim.
    Só a descrição já me cansa.

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  4. Acabaste de ser excomungada. Banida desta casa... ó luxúria maldita!

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  5. volta! estás perdoada!

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  6. eh eh
    Aí o mestre diz que "a tragicomédia existenciante, pela conversão da loucura criadora em redentora, ou pelo triunfo de uma orientação que a precede e desde o início lhe é íntima, procedente que é da própria irredutibilidade do Absoluto à sua manisfestação e ao que dele, como divino-diabólico, nela e por ela se determina, tende pois a conhecer uma solução escatológica benigna, sugerida como a reintegração universal dos entes fenoménicos na sua supra-determinação primordial e meta-essencial."

    Eu acredito nisto.

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  7. Enorme Raul Leal! O próximo grande e maldito pensador português a ser descoberto!

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  8. Ler Raul Leal é uma Vertigem.

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  9. Lanço-me no Abismo...

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  10. Dirk, há uma amiga nossa que diz que o Raul Leal é "louco, profético e demencial", concordas?

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  11. Tem o melhor conceito de vertigem, tem a cabeça mais em roda viva que já li; tem a cabeça voltada para o deserto e escuta-se a si antes do tempo dos profetas, tem as palavras a escorrerem-lhe pela graganta como um líquido inflamado; tem a insanidade dos que conseguem o perdão do imperdoável, tem a força de um vulcão a arrebatar as nossas falsas Pompeias.
    Raul Leal empresta ao leitor toda a vida que a vida mata. Viva o Raul Leal!

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  12. O Raul Leal tem todos os sintomas de um deserdado.

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  13. A "nossa amiga" não acredita no que lê, nem no que diz.

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  14. De si próprio. Quem precisa do exterior para se sentir é porque está vazio.
    Divinizar... Có(s)mico!

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  15. Acredita no que lê e no que diz, ah, ah... mas também há uma diferença não é camaleoa, é mais género fantasmático!

    Saudações Lealinas.

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  16. Provavelmente, Raul Leal seria um deserdado porque nada deste mundo se lhe adequaria e nem ele aceitaria...

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  17. É um problema comum, lá isso é.

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  18. Um camaleão é um arco-íris animal, camuflado, com boa visão periférica. Com estilo!

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  19. Um desadequado inteligente porque se adequa. Um técnico do disfarce. Calmo, lento, ágil na língua, fingindo-se na verdade. Fantasmicamente budista.

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  20. Sereis idiotas?

    Certamente.

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  21. Pronto! É sempre isto. Há sempre um animal falho de paciência!

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  22. Acredita no que ele escreve... mas não acredita nela... e isso porque é uma pedra que não se move com o olhar compassivo e generoso dos bons.

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  23. Esculpir é mentir a pedra.

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  24. Uma pedra é uma pedra. Não tem que se mover.

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  25. Acho que houve um filósofo alemão que disse que uma pedra move-se com o olhar, mas uma mulher não... que me perdoem os puristas das citações.

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