terça-feira, 28 de julho de 2009

Ética

será que existem um correcto e um errado? penso que sim. é incorrecto bater num pato, a menos que estejamos a morrer à fome, imaginemos: ou comemos o pato ou morremos. qual a escolha correcta? morrer ou matar o pato e sobreviver? se morrermos, penso que somos muito corajosos.

se decidirmos matá-lo para sobreviver estaremos a cometer algum mal?

imaginemos que não existe mesmo outra hipótese, não há mais qualquer tipo de alimento. quer dizer, sempre podemos comer pedaços de nós, é a única outra hipótese.

digo que talvez cometamos um mal se matarmos o pato ou se comermos pedaços de nós próprios, mas também que o contexto é já mau à partida. se há algo moralmente errado neste caso é o contexto.

de resto podemos imaginar alguém num contexto moralmente mau e que foi lá parar sem as causas disso terem sido morais. por exemplo alguém ir parar ao Afeganistão ou ao Iraque. são contextos moralmente maus porque existe muito sofrimento desnecessário neles, mas certamente haverão lá heróis, como há em todas as guerras e revoluções.

um herói é alguém que não obstante o perigo, enfrenta-o para salvar os outros, por exemplo. um médico voluntário numa perigosa zona de guerra. um bombeiro. talvez existam também heróis intelectuais, pessoas que através das suas mensagens criam bem no mundo.

seríamos heróis se não matássemos o pato. ou podemos dizer que seríamos estúpidos porque morreríamos. mas têm de ter em conta que morreríamos para evitar uma morte. imaginemos isto entre humanos. canibalismo.

é errado comer corpos, humanos ou outros, mesmo que já mortos?

se estivéssemos numa situação em que morríamos se não comêssemos um pedaço de um corpo, e se só pudéssemos escolher entre um corpo de um animal e um corpo de um humano ou morrer, qual seria a opção correcta? a que não implicaria mal algum? penso que todas elas implicam mal. comer corpos é mau, morrer é mau. e se morrer é mau o contexto moral do mundo é mau.

onde há sofrimento há moral.
todas as pessoas sofrem.
há moral em todas as pessoas.
em todas as pessoas e animais.

mas quando não têm culpa do sofrimento, sofrem sem razão. isso é o mau. sofrer sem razão. se se sofre com razão, já não é mau: um exemplo, alguém que fume três maços por dia arrisca-se a ter cancro - o que é que estava à espera? - mas alguém que sempre se portou bem contrai cancro... é mau. e é moralmente mau porque é injusto.

mas nem tudo o que é moralmente bom é justo, embora tudo o que seja justo seja moralmente bom. pode ser moralmente bom porque libertador dar um passeio e não ser justo nem injusto. a moral está para lá da justiça, mas a justiça não está para lá da moral.

ainda assim poderíamos contrapor que se o passeio é libertador é porque o sujeito vem já de uma situação em que houve justiça ou injustiça, ou que se não veio de uma situação do género então o passeio é libertador porque lhe permitirá criar situações de justiça. neste caso diríamos o seguinte: o domínio da moral é o domínio da justiça e o domínio da justiça é o domínio da moral.

para simplificar: o domínio da moral é o domínio do correcto e do incorrecto.
se é correcto é bom e justo, se é incorrecto é mau e injusto.
por exemplo, alguém beber um sumo de laranja natural de manhã pode ser bom, saudável, mas só é justo ou injusto caso a pessoa tenha ou não merecido beber o sumo. assim, tudo é do domínio moral. o domínio moral é o mundo.

mesmo que não existissem seres que sofrem existiria moral? se não existisse consciência, por exemplo. se só existissem pedras, calhaus, existiria moral?
não podemos dizer que não e justificar em que não porque as pedras nada sentem, porque há humanos que podem não sentir em dado momento e é mau fazer-lhes mal, por exemplo feri-los com uma faca mesmo que não sintam nada. mas neste caso trata-se de vida.

tal como existe uma química inorgânica, poderá existir uma ética inorgânica?

o que é inorgânico poderá ser bom ou mau em si, e sofrer bem ou mal? creio que não. que é moral apenas em função da vida. mas uma coisa: se a vida é boa por si, e se o inorgânico é a base da vida, então o inorgânico é bom por si.

o carbono origina-se do inorgânico, e considera-se que toda a vida tem adn, mas será que aquilo que forma o carbono, os átomos mais fracos, os protões, os neutrões, os electrões, não estão já vivos? ou a vida começa na célula?

onde começa e acaba a ética?

16 comentários:

  1. Maltez, vai para casa comer-te. Tico. Não enganas ninguém. Sensaborão.

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  2. Pastilha elástica. Mastiga. Deita fora.

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  3. Oh coisinho, o que é que é certo, o que é que é errado, pá, mmm? Pera aí, uma beca. Deixa eu pensar. O que é que achavas se agarrasse numa marreta e te desse com ela nesse focinho catatónico assim sem mais nem menos? Ahn? Certo ou errado? CERTO! Porque pá tudo depende do átomo do memento. A gente não sabe como agir causa que não tem alarme. Tás a ver?
    E pedir a um magano coquer que agarre na tua irmã, ponhó babete e lhe espete o garfo? Nem era mal pensado, a faquita no recorte, à procura de alimento ali mais pó lado das nalgas... tás a seguir? Ó uma violaçãozita na mãe que nestas idades bem precisam e um golpe de carótida no pai não sem antes lhe gamar respeitavelmente o pilim, pós protões, claro.
    Topaste?

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  4. Agora fora de brincadeiras. Vou pensar no teu texto.

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  5. Isto está cheio de louras burras e outros idiotas. O melhor é fechar os comentários a anónimos. Discutam os posts ou passem ao largo.

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  6. tu vais levar, ai vais vais...

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  7. à loira burra e idiota29 de julho de 2009 às 11:00

    Fecha-te senão temos que passar ao largo.

    Quando quiserem fechar a anónimos digam para me despedir.

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  8. 1. Sim, existe um correcto e um errado. Qual dos dois está correcto? Não sei.
    2. O pato é para comer! Sejamos corajosos e comamos o pato! Vê se o consegues apanhar.
    3. Comer pedaços de nós não aconselho. Ficaríamos incompletos.
    4. O contexto é péssimo. Concordo. Não podia ser pior.
    5. Sim. Afeganistão e Iraque são contextos de grande sofrimento. Não interessa ir lá parar. Sejamos heróis e fujamos desses contextos.
    6. Canibalismo entre humanos, depende do humano. Bem temperadinho e grelhado talvez marchasse. Se já o fazemos socialmente, porque não na prática? Comamos o pato!
    7. Pensando bem, comer corpos é bom e o contexto moral do mundo depende de cada um. É uma questão de visão. A justiça são os óculos dessa míope visão, mas quase sempre se fica a ver pior. Acreditemos pois na nossa moralidade.
    8. “onde há sofrimento há moral.
    todas as pessoas sofrem.
    há moral em todas as pessoas.
    em todas as pessoas e animais.”
    Gostei da quadra, rima, é profunda e verdadeira. Continua.
    9. Fora o tabaco! Assim não haverá a maçada do cancro.
    10. Se contrairmos cancro sem fumar é mau, sim. Aliás, contrair cancro é mau. Não achas? É sofrimento, logo é mau.
    11. O passeio é libertador. Se cria justiça ou não, depende do passeio e de quem passeia. Na dúvida, o melhor é não passear. Aqui, o correcto para além da justiça e da moralidade.
    12. O domínio da moral é não dominar. É deixar o correcto e o incorrecto ao sabor do vento. Se a escolha for má, a justiça que a rectifique.
    13. Sumo é bom, de laranja natural, melhor ainda, dá saúde e faz crescer. Bebamos o sumo, comamos o pato e justiça será feita num contexto de boa moralidade.
    14. As pedras e os calhaus estão para além da moralidade. Se não sentem nada, não vale a pena esfaqueá-los. Atiremo-los para longe que, com sorte, ainda acertamos em alguém.
    15. Química inorgânica é um sentimento platónico ou é algo que se coma? A ética depende disso.
    16. Ainda bem que falaste do carbono porque foi fundamental e ajudou-me a pensar. Queimemos esse carvão 6C e cristalizemo-lo, mas duvido que chegue à pureza que se pretende. Fiquemo-nos pelo grafite.
    17. Já respondi a essa pergunta.

    Espero ter contribuido com a profundidade que me define, completamente fora do contexto.

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  9. Tás a ver? Eu quando penso, sai-me tudo melhor.

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  10. Ah, ah, eu prefiro saborear29 de julho de 2009 às 12:41

    acabei de comer um gajo muita bom

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  11. a alguém ainda vivo29 de julho de 2009 às 12:48

    Boa! Arrota!

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  12. a acompanhar: champagne francês e morangos com chantilly (o corpo todo bezuntadinho)... que delícia!

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  13. “Qualquer pessoa conhece os achaques que vêm com a idade avançada e sabe que no fim está a morte. Ano após ano, temos de sacrificar-nos e prescindir de coisas. Temos de aprender a desconfiar dos nossos sentidos e forças. O caminho que até há bem pouco tempo era um passeio torna-se longo e cansativo e chega o dia em que já não o podemos trilhar. Temos de renunciar a pratos e comidas que apreciámos toda a vida. As alegrias e os prazeres que o nosso corpo sente vão sendo cada vez mais raros e o preço que se paga por eles é cada vez mais alto. E depois os padecimentos, as doenças, o embotamento dos sentidos, os órgãos que começam a falhar, as muitas dores, as noites longas e repletas de receios…).” Ah Ah Ah

    Hermann Hesse

    (^^,)

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