Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
sábado, 11 de julho de 2009
Ergue-te na noite, despido de ti e do mundo! E canta uma vitória nua, sem vencidos, nem vencedores, nem testemunhas.
«despido de ti e do mundo!» como seria libertador conseguir despir-me de mim e do mundo, dos medos ilusórios que me asfixiam, dos desejos que me aprisionam, da crítica e do elogio que me ofuscam, ... despir-me dos véus que me fazem viver. Quando morrer, então sim, cantarei a vitória. Grato:)
Paulo, não resisto a comentar este teu post. É que uma das coisas que considero mais difícieis é libertar-me do "complexo do espectador", o estar sempre a agir e a pensar em função do que os outros pensem acerca disso, como se estivesse sempre a ser observado, para ser aprovado ou desaprovado. Acho importante o erguermo-nos, porque a nossa mais vera natureza exije de nós o mais profundo respeito, mas isso não significa querermos estar mais alto do que qualquer um. E o mundo é o nosso avesso, a capa mais coerciva do nosso ego. O pequeno escravo da insuficiência. Quanto à vitória, entendo-a apenas como o deixar fluir da Força (Vis)que nada pode conter, nós próprios, na nossa insuficiência egótica, nem o mundo, na sua inconsistência ôntica. É o que eu entendo por perdão: per-donare (não sei se está bem escrito, mas para as urtigas o que quer que isso queira significar), ou seja, dar em torno, deixar que o que advém se espalhe em redor, como as sementes da mão calejada do semeador, mão capaz de colher, e com isso sofre as agruras do trabalho incessante, mas mão que consegue afagar, e só os raros sabem o sabor dos afagos das mãos torturadas (lembro-me do meu avô materno) pelas agruras da vida: dão sem quererem nada em troca. :)
Um santo verdadeiro é um palhaço triste que, na tentativa de amar o que julga ser Deus, torna-se Deus à imagem e semelhança do que julga ser um humano perfeito, isto é, total; consistente; forte; cósmico; profundo; isento de ego e, por isso, competente com todos os cactos e urtigas que magistralmente envolve em faixas de perdão para amortizar a aceitação do que possa ser execrável; soberbo de paciência e misericórdia para com o seu semelhante que não considera seu semelhante, mas um meio de progressão da Virtude, se possível levada ao limite; livre porque não ama mais do que Deus que, no fundo, é ele próprio e portanto em franco desapego com o resto do Universo a que ele chama Amor porque é fácil amar seres distantes na ideia de nós… E inscreve o seu nome a sangue frio num céu em ruínas que acredita, um dia, desabará para o salvar.
Depois há os outros santos que não são verdadeiros, mas nomeados por alguém a quem foi conferida a capacidade de nomear… Rótulos acrescentados tardiamente no epitáfio porque os anos vestem a memória de fantasia…
São momentos raros na minha vida, se é que posso dizer com clareza e firmeza que, de facto, existiram.
Mas tenho sempre alguma dificuldade em juntar as duas coisas num só momento.
Explico: Sinto que, por vezes, me consegui despir de mim, embora não me tenha despido do mundo. E, outras vezes, despida do mundo, não me despi de mim mesma...
Para dizer a verdade, as minhas maiores vitórias foram nuas, nesse sentido fabuloso que escreveu. Sem vencidos, sem testemunhas, sem vencedores. São as únicas que sei reconhecer em toda a minha vida.
Já fiz isto algumas vezes. Soube-me lindamente.
ResponderEliminarQuem canta vitórias é porque venceu, mestre. A frase está mal estruturada.
ResponderEliminarergue-te na solidão.
ResponderEliminarvence na solidão.
vence a solidão na solidão.
sê a solidão.
cobre-te de treva.
não estejas.
Ilumina-te.
ResponderEliminarAma.
veste-te de júbilo.
ResponderEliminarA minha lanterna é de mineiro!
ResponderEliminartenho as luzes apagadas.
ResponderEliminarestá-se bem na escuridão.
E está. Os olhos enganam-te. Dizem-te como as coisas tentam ser... A luz atrapalha a visão.
ResponderEliminare nós tentamos ser, à luz, o que os olhos querem ver.
ResponderEliminarerro crasso. e é um grande combate lutar contra ele.
talvez seeja o que os cristãos chamam de soberba, a vaidade.
Não me faças rir mais...
ResponderEliminarnão lhe dês ouvidos
ResponderEliminarVendilhões!
ResponderEliminarMiseráveis!
ResponderEliminarNão comentem. Sejam.
ResponderEliminar"Tudo o que não é ser Santo, é não ser..."
ResponderEliminarPe. António Vieira
Em que ficamos?
o que é ser santo?
ResponderEliminar«despido de ti e do mundo!» como seria libertador conseguir despir-me de mim e do mundo, dos medos ilusórios que me asfixiam, dos desejos que me aprisionam, da crítica e do elogio que me ofuscam, ... despir-me dos véus que me fazem viver. Quando morrer, então sim, cantarei a vitória.
ResponderEliminarGrato:)
Não sei.
ResponderEliminarÉ ser Deus pessoalmente?
não sei o que é ser Deus pessoalmente. é ser Deus? o que é ser Deus?
ResponderEliminarPaulo, não resisto a comentar este teu post.
ResponderEliminarÉ que uma das coisas que considero mais difícieis é libertar-me do "complexo do espectador", o estar sempre a agir e a pensar em função do que os outros pensem acerca disso, como se estivesse sempre a ser observado, para ser aprovado ou desaprovado.
Acho importante o erguermo-nos, porque a nossa mais vera natureza exije de nós o mais profundo respeito, mas isso não significa querermos estar mais alto do que qualquer um.
E o mundo é o nosso avesso, a capa mais coerciva do nosso ego. O pequeno escravo da insuficiência.
Quanto à vitória, entendo-a apenas como o deixar fluir da Força (Vis)que nada pode conter, nós próprios, na nossa insuficiência egótica, nem o mundo, na sua inconsistência ôntica.
É o que eu entendo por perdão: per-donare (não sei se está bem escrito, mas para as urtigas o que quer que isso queira significar), ou seja, dar em torno, deixar que o que advém se espalhe em redor, como as sementes da mão calejada do semeador, mão capaz de colher, e com isso sofre as agruras do trabalho incessante, mas mão que consegue afagar, e só os raros sabem o sabor dos afagos das mãos torturadas (lembro-me do meu avô materno) pelas agruras da vida: dão sem quererem nada em troca.
:)
Um santo verdadeiro é um palhaço triste que, na tentativa de amar o que julga ser Deus, torna-se Deus à imagem e semelhança do que julga ser um humano perfeito, isto é, total; consistente; forte; cósmico; profundo; isento de ego e, por isso, competente com todos os cactos e urtigas que magistralmente envolve em faixas de perdão para amortizar a aceitação do que possa ser execrável; soberbo de paciência e misericórdia para com o seu semelhante que não considera seu semelhante, mas um meio de progressão da Virtude, se possível levada ao limite; livre porque não ama mais do que Deus que, no fundo, é ele próprio e portanto em franco desapego com o resto do Universo a que ele chama Amor porque é fácil amar seres distantes na ideia de nós… E inscreve o seu nome a sangue frio num céu em ruínas que acredita, um dia, desabará para o salvar.
ResponderEliminarDepois há os outros santos que não são verdadeiros, mas nomeados por alguém a quem foi conferida a capacidade de nomear… Rótulos acrescentados tardiamente no epitáfio porque os anos vestem a memória de fantasia…
Falas bem mas apenas falas bem, porque falas de fora. Não há verdade, só talento, no que dizes.
ResponderEliminarCaro Paulo,
ResponderEliminarSão momentos raros na minha vida, se é que posso dizer com clareza e firmeza que, de facto, existiram.
Mas tenho sempre alguma dificuldade em juntar as duas coisas num só momento.
Explico:
Sinto que, por vezes, me consegui despir de mim, embora não me tenha despido do mundo. E, outras vezes, despida do mundo, não me despi de mim mesma...
Para dizer a verdade, as minhas maiores vitórias foram nuas, nesse sentido fabuloso que escreveu. Sem vencidos, sem testemunhas, sem vencedores.
São as únicas que sei reconhecer em toda a minha vida.
Grata pelas palavras que deixou*
Grato eu, cara Sereia, pela sua partilha do essencial.
ResponderEliminarSaudações
Partilhar sem testemunhas. Ninguém a ver... Também é muito bonito.
ResponderEliminarMetamorfoses...
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