sexta-feira, 22 de maio de 2009

Corpo Casulo

Primeiro Segredo
Há esconderijos nas conchas do corpo.

Mão, cancela que abriga e obriga, concha dos olhos

Casa, casar, casulo, centro, local de onde se parte e aonde se chega

A casa sou eu

corpo casulo

Segredo coreográfico para dançar (aqui)


Cada lugar e cada casa têm o seu tempo próprio. Um tempo secreto.
Cada movimento também.
Encontre as conchas do corpo com as mãos.
Viaje com as mãos entre as várias conchas do corpo.
Encontre um segredo numa das imagens.
Esconda esse segredo numa concha do corpo.
Traga agora o segredo à boca para o contar aos dedos.
Entrelace os dedos e deixe as mãos seguirem o caminho dos braços até o corpo se abraçar a si próprio.
Feche os olhos durante cinco segundos e sonhe com casulos.

1. Gérard Castello-Lopes "Bruxelas", 1958
2. Mona Khun "Ton's creation", 1999
3. Alfredo Cunha "Vila Verde", 1997
4. Georges Dussaud "Agrelos, Serra do Barroso, Trás-os-Montes", Agosto 1981
5. João Tabarra, Paulo Muge
6. Camilla Jessel Panufnik "Immediatly After Birth She Can Hear Her Mother's Hearhbeat again"
7. Alfredo Cunha "Benção do gado, Vila Verde", 1991

26 comentários:

  1. Gostei imenso destas mãos que descobrem as conchas do corpo e depois escondem os segredos.

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  2. bom dia!agora no meu blogroll vi o título deste post com a imagem e pensei logo q serias tu o autor...e aqui estou eu, para dizer q adorei!

    as mãos são de facto caminhos de acesso ou condição de possibilidade de redescoberta de corpo, alma e espírito, também.

    são pontes de comunicação, elos de energia, coordenadas, dança de sentidos perdidos e reencontrados,em abraço por vezes quase tão secreto, solitário e abismal de nós próprios com/no/pelo mundo.

    a imagem q + me tocou foi a nº6, seguida da nº3.

    obrigada, amigo, por esta (com)partilha graças às tuas mãos. namastê

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  3. Meu bom amigo,

    Maravilhoso este jogo entre imagem e palavra. O casulo e a casa; o que abriga e a secreta morada da alma.
    A imagem das mãos sobre o rosto é absolutamente fantástica!(A de Mona Khun).
    "Cada lugar e cada casa têm o seu tempo próprio" e o nosso tempo é o do corpo e o do corpo que nas mãos segreda e na boca murmura e abraça o Sem Tempo.
    Fantástico!
    Quando se "casam" assim, palavra e imagem, o mundo é esse lugar, sem tempo e sem espaço: o paraíso!

    Um beijo de agradecimento

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  4. muito interresante e psicanalítico, conchas, corpos, segredos, conversa freudiana, mas como diria deleuze o freud não percebia nada disto e passava sempre ao lado, nunca percebeu que o homem lobo,o devir-lobo, só poderia ser uma matilha, porque assim são os lobos uma multiplicidade, enfim freud passou ao lado, e vós com as conchas e os segredos igualmente.

    baal(eu e o postar de azul temos algumas dificuldades, nem o deleuze me salva (trata).

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  5. Baal, gosto de me cruzar ctg pelos caminhos da Serpente :)

    "Baal era o deus da fertilidade e, associado à tempestade e à chuva, tinha lutas periódicas com Mot, senhor da seca e da morte" - representando tu isto, como podes negar o 'corpo casulo'??? corpo casulo tem tudo a ver com fertilidade!!!chuva, conchas e segredos tb aqui estão presentes...

    namastê

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  6. já percebi como post de azul, eu como muitos deuses sou múltiplo, nunca poderei ser uma concha senão estaria confinado (inclusivé fui o deus da morte, arrepia-te), como tú, minha interessante interlocutora, como fragmento que és nunca poderás ser uma uma concha, ou pelo menos a dobra de uma concha que guarde um segredo.
    fragmenta-te e multiplica-te.
    abraços

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  7. sou tão fragmentada e já me multipliquei...somente me reuno por força do Amor...que é vida e morte, dor e prazer, branco e negro, sol e lua, complementaridade de segredos que se redescobrem diariamente na simplicidade da natureza...de uma concha, por ex.

    Baal, és corpo casulo, ou não? :)
    abraço

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  8. O homem-lobo

    Dos lobos apenas…
    Uma vez, uma loba apareceu do nada e saltando um ribeiro para espanto de todos, parou por breves instantes seguindo fugidia o seu percurso do acaso.
    Na natureza poucas são as palavras que possam guiar o homem concreto, não existem aliás, apenas aromas, cores e sons. O poético encerra-se no olhar e a narrativa esconde-se no cabo das emoções.
    Interessante, Baal, ter-se lembrado de falar de lobos; já os segui inclusivé, via rádio, lá para os lados do Barroso… ali, entre Pitões das Júnias e a imponente serra do Gerês. O que dizer… pouco e pouco a despropósito mas ainda assim revelador de algum paralelismo com as condições humanas, solitário por vezes, outras em “matilha”. Mas isto nada tem de especial ou revelador, creio. É condição humana.
    Pergunto, já ouviu o uivo dos lobos?
    Já alguma teve a sensação de estarem tão perto que era possível cheirá-los?
    Passo a sugestão… agarre-se numa vulgar tenda de campismo, lance-se numa jornada à montanha, o tempo agora ajuda, entre Maio e Setembro é uma época favorável para um possível avistamento. Os bosques de Carvalho-negral (Quercus pyrenaica), e prados de Urze (Erica spp.), Giesta (Cystisus spp.) e Tojo (Ulex parviflorus) compõem a fotografia, o silêncio fará o resto. Mas não fique triste se voltar sem ter visto um lobo, certamente recordará toda a natureza fruto da viagem ou recolhimento. Por fim, imagine que alguém o avista nesses terrenos inóspitos e selvagens… respeitosamente, em que ponto fica?
    Ainda no seguimento dos lobos, Baal, além da sua reflexão, estou-lhe também grato por isto, ao cabo de um ano, finalmente, arranjei por sua sugestão o título para um conto aqui publicado. Obrigado.

    Madalena, aproveito para lhe agradecer pela emoção das palavras de Herberto, sem dúvida um poema lido e mais que relido.
    As conchas das mãos e a metáfora de um segredo.
    Esse segredo é revelado no momento em que se abra mão da pluma encerrada no seu interior. Viaja pelo vento, leva uma mensagem para outras paragens, onde, por fim, novamente eclodirá. Aí, alguém a tomará novamente entre as conchas da mão. Contar-lhe-á outro segredo e ao vê-la subir pelo ar, sobre o prado, sobre o bosque, retoma a posição de casulo, cruzando os braços, movimento que desenha o acto de se agradecer. Um abraço.

    Fragmentus… "Immediatly After Birth She Can Hear Her Mother's Hearhbeat again".
    Instante imediato e particular caracterizado pela sincronia de corações. Daí, e para sempre, mãe e filha perduram ligadas ao instante em que foram e são a única e mesma pessoa. Bem escolhido!
    Saudades, poetiza de coração, “o nosso tempo é o do corpo e o do corpo que nas mãos segreda e na boca murmura e abraça o Sem Tempo.” Cem palavras agora lhe dirijo, fundidas em um franco e terno agradecimento, obrigado.

    Bem hajam e… dancem!

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  9. sempre fui 'pé-de-chumbo, leia-se mau dançarino, canhoto e desajeitado... por isso estou aqui, sempre pensei que este fosse um blog espiritual e não físico, afinal estava enganado vou procurar um corpo sem orgãos onde me possa materializar.
    acampei muitas vezes, mas quando o fiz o meu lobo foi sempre o estado.
    boa conversa

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  10. Baal, o espírito impulsiona o corpo...a dançar, por ex. e como vês, podemso sempre ensaiar os primeiros passos porque o corpo casulo é também metamorfose e abertura para o mundo. :) um bj

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  11. Félix, sabes bem como iria 'votar' na imagem da maternidade e na alusão ao Baal fertilidade :) e por falar em dançar, estava a ouvir "spaceman" - the killers e lembro-me sempre de ti.

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  12. a leste do paraíso (e do blog)

    para as mulheres (sem qualquer sexismo) é muito fácil, para nós às vezes é muito difícil, lembro-me do dar banho a uma recém nascida, e o medo de a deixar cair.

    uma reflexão inadequada, mas necessária para mim.

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  13. não é inadequado, Baal, bom sinal o desse medo, é um deus responsável por abençoados frutos da fertilidade...e pronto, desde aí ficaste com receio do corpo casulo e sua fragilidade, eu desculpo-te então :) bj

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  14. baal,

    Escrito a azul, a preto, sem cor, de trás para a frente ou da frente para trás, maiusculado ou "minimal" (jamais lhe chamarei "baalzinho", pois sei que não gosta, baal é sempre um óptimo e absurdo e simpatiquíssimo interlocutor.

    Dentro ou fora do casulo; homem ou mulher, de um modo ou de outro; freudinano ou não, uma coisa é mais do que certa a delicadeza com que fala na fragilidade e no medo... comove-me e faz-me sorrir.
    Um sorriso para si, um gesto de assentimento com a cabeça para Fragmentus e para "Vergílio, o poeta" e uma saudação anonimal, para o outro de alguém ou para o mesmo.

    P.S.1 A verdade é que esta divulgação é interessante e agradeço a Miguel Félix pela sua comemoração serpentina nesta divulgação.
    É também seu, este coração de poeta.

    Um abraço, Saudades.

    P.S.2 baal não sejas assim...:)

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  15. Saudades...corpo casulo...borboleta...metamorfose...jardim! :) um bj p ti

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  16. um único ou vários lobos

    'nesse dia o homem dos lobos desceu do divã particularmente cansado. sabia que freud tinha o génio de roçar pela verdade e de passar ao lado, depois, por preencher o vazio com associações. sabia que freud não percebia nada de lobos, nem tão-pouco de ânus. freud só sabia o que era um cão e a pila de um cão. Isso não chegava. Isso não chegará.'

    gilles deleuze, felix guatarri, Mil planaltos,capitalismo e esquizofrenia 2.

    este sim um ataque à psicanálise, último post regredi e lembrei-me do medo que tive quando fui pai, desculpas por isso.

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  17. ó baal, nada a desculpar...só por isso, provaste ser deus! ;)

    namastê

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  18. saudades do futuro tem dó, homem ou mulher? fragilidade? eu fui um guerrilheiro da classe operária, ou será a minha alma de poeta a falar.
    ou as utopias são atopias?
    gosto de ti saudades, mas fui temperado como o aço.

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  19. ok, saudades não terei sido temperado como o aço, fui, isso sim, defendido. a parte do absurdo foi na 'mouche', e a da conversa 'also'.

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  20. baal,

    Não se te pede que te confines a nada. Cada elemento é uno e múltiplo. Inteiro na sua individualidade, por isso divino, e relacionado com tudo o que existe no universo. A essência de cada coisa é mais do que essa mesma coisa. É essa Coisa, tal como É. É o para além dela. Cada modo como o corpo se apresenta é um revelar ou desvelar. É um diálogo, neste caso com a arte, que exprime o corpo nas suas diferentes leituras, nenhuma delas é a Verdade, nenhuma forma em si é o Absoluto: nem fragmento, nem interior de concha. o Absoluto não tem medida nem Nada com que se possa comparar ou mesmo Ser. Nem o aço nem a água são o que é a Vida e a Verdade. O corpo é religação. Nisso é templo, religião. Corpo de palavras ou de silêncio. Nada sobrevive fora dessa relação. Mas a relação pode ser mais transparente ou mais velada, mais coberta ou menos coberta pelo véu da ilusão, o que impede de ver a Verdade, porque se a pensa...

    Se pensares o corpo como sendo a explosão de fogos em várias direccões, também encontras nessa imagem belos e não menos verdadeiros diálogos com a arte...
    Algum deus virá dizer que não, que o corpo é Casa, Mão e Segredo, outro dirá que é Aço temperado a Fogo...

    Um bom fim-de-semana, passado a azul ou a outra qualquer cor...

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  21. foi uma uma boa conversa (para a próxima recuperamos o humor)
    bom fim de semana.
    nastamê e um sorriso.
    ps. não me convençeram a dançar nem na alma nem no pensamento. já é (mau) feitio.

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  22. Baal, uma sugestão: sê corpo casulo abraçado à tua filha, em dança do amor mais puro que existe...tornar-te-ás mais forte que aço e mais deus...

    namastê

    PS- o mau feitio é falta de chocolate!devias ter comido o aftyer-eight pela Páscoa, lembras-te? ;)

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  23. fragmentus, com a minha filha tenho uma excelente relação, apesar de não acreditar que sou um deus, coisas da adolescência.
    excelente memória (páscoa) para quem é fragmentada.
    o erro na saudação, apesar de não saber que representa, acontece desta vez acerto.
    têmasna.

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  24. têmasna...ehhe...do fim para o princípio ;) ao ler quase parece tasmânia...conheces aquele personagem o diabo da tasmânia?lol olha, se calhar és tu (brincando) bj

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  25. nunca se sabe, mas se fosse perdia-me na floresta, como me perco no pensamento, tú sim não és um diabo, acreditas no amor como se houvesse redenção ou felicidade (contra mim falo porque penso que fui feliz), mas também sei que no eterno retorno o bem não volta, o amor puro (platónico) não é bem casulo, nem um corpo, é mais necessidade de ausência ou fuga, no entanto prevalece a ideia que um dia todos nos encontraremos, como se essa fosse uma finalidade imperativa, a necessidade de um eden que justifique a existência do mal. que tenhas uma excelente noite

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  26. sou uma idealista, Baal, e perco-me mts vezes na densa floresta da perdição onde o luar é o meu companheiro de solidão e, pela folhagem, espreitam-me olhares que repudio, vozes que me atormetam e rostos que já me assutam...fico então corpo casulo,evoco e sinto a maternidade em mim, contemplo a beleza da própria natureza e ressurjo, em fragmentus de amor...(agora goza, vá, diz q é uma lamechice o q aqui está escrito!hehe)noite feliz!grata

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