quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sobressaltos - "Quem quer que assim conheça que é Brahman, torna-se este inteiro [universo]"

"Quem quer que assim conheça que é Brahman, torna-se este inteiro [universo]. Mesmo os deuses não têm o poder de fazer com que não seja, pois ele torna-se o seu próprio si.
Por isso, todo aquele que reverencie qualquer outra divindade, pensando "Ele é um e eu sou outro", não compreende [correctamente]. É como um animal [sacrificial] para os deuses; e tal como muitos animais são úteis para o homem, assim é cada indivíduo humano útil para os deuses. Ser-nos roubado um único animal é desagradável. Quanto muito mais o é serem-nos roubados muitos! E assim aos [deuses] não agrada de modo algum que os homens saibam isto"

- Brihadaranyaka Upanishad, I, IV, 10.

6 comentários:

  1. o que significa?
    somos animais úteis aos deuses? cada vez menos animais, mais próximos deles?
    lembro-me de ter escrito uma vez:
    "somos macacos dos deuses
    pulamos de galho em galho"

    ou, pelo contrário, somos cada vez mais animais?

    bom regresso, abraço

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  2. Julgo que Brahman é a personificação da vacuidade e quem conheça que é Brahman transcende o limiar tempo/espaço e torna-se universo, infinito, omnisciente.
    Os deuses criaram o mundo do ser, o mundo do visível, o mundo que é conhecido e separado pela razão. Os deuses criaram-nos e enquanto nós não re-conhecermos a vacuidade de todos os fenómenos (do si e do outro), seremos marionetas, fantoches, animais domados que se exibem no grande circo que é a realidade do demiurgo, a realidade ilusória, a mentira.
    Julgo que é tempo de nos libertarmos dos deuses... é tempo de aniquiliarmos os deuses para nós próprios sermos Deus. O Deus do nada...

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  3. Brahman é a vacuidade?

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  4. Conhecer-se incondicionado liberta da dualidade e da escravidão do ego-ficção, sempre dependente de alguém ou de algo. Coisa de que os senhores do mundo, humanos e divinos, não gostam.

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  5. Caros amigos, muito já foi aqui dito, mas não creio que a noção bramânica de Brahman corresponda plenamente à da vacuidade budista nem que, numa perspectiva budista, os homens hajam sido criados pelos deuses ou pelo quer que seja. Brahman, nome neutro, e não o deus Brahma, o criador, é todavia o absoluto impessoal e todo aquele que saiba que o seu atman, o seu si-mesmo, é isso - tat tvam asi - , reconhece-se a própria essência de tudo o que existe e atinge em vida a libertação. Liberta-se assim de toda a dualidade e de todo o culto aos deuses, que disso não gostam, pois é a energia subtil da reverência humana e dos sacrifícios que os alimenta e sustenta nos mundos onde vivem e esgotam o seu karma de seres igualmente condicionados...
    O que este texto diz é que, tal como os animais são gado para os homens, assim são os homens gado para os deuses, enquanto não se libertarem pelo autoconhecimento profundo de toda a devoção dualista a um fictício incondicionado imaginado exterior a si.
    Nesta perspectiva, o que faz a religião comum, não iniciática, é manter esta escravidão. O mesmo acontece, no plano humano, com os detentores do poder religioso, cultural, político e económico que não o ponham ao serviço da emancipação das consciências e das vidas.

    Abraços

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  6. Os poderes vivem da ignorância. E o pior é que não são só os visíveis, mas também os invisíveis!

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