segunda-feira, 6 de abril de 2009

Rasgo de Inefável


Queria ter chegado nos momentos para te escutar
Era tarde, talvez...
Algo voou de mim ao encontro
veloz instante que o corpo não pode alcançar
liberta-se e vai contigo
Fica um espaço estranho de ausência

12 comentários:

  1. É nesse estranho espaço de ausência que tudo acontece... nós e o mundo, nós-mundo.

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  2. Corrijo Hölderlin. Não é poética, mas estranhamente, que o homem habita a terra. A estranheza, não só em relação a si e a estar-se no mundo, mas a haver realidade, é a condição de toda a grande poesia, filosofia e arte. A condição de tudo, até da grande política.

    Estranhar ser homem, estranhar ser, estranhar.

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  3. Se assim a tudo e a nós estranhássemos, o mundo acabava...

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  4. Obrigado, Paulo. Que voo mais alto se levanta, És tu claraMente

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  5. O mundo acabava ou começava?

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  6. Paulo,

    mas poeticamente não é em Holderlin, habitar de forma estranha o mundo? O poético não é o mais estranho dos modos?


    Um rasgo de inefável sorriso para a Maurícia, irmã que me recebeu na Páscoa do pensamento.

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  7. O mundo está sempre a começar e a acabar. A estranheza passa por aí.Mas este poema é mesmo da Maurícia, tem uma profundidade que só ela conhece assim e que não sei definir. Continua a escrever muito bem, melhor, continua a escrever poesia.

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  8. Isabel, creio que nem toda a poesia suporta, respeita e transparece a profunda estranheza. Muitas vezes, tal como de forma mais evidente a filosofia e a ciência, é um esconjuro, um exorcismo, dessa radical estranheza em que somos. Os poetas falam demasiado, precipitando-se a dar sentido às coisas que o não têm nem são. Também é sua aquela violentação do espanto que Maria Zambrano atribui à filosofia.

    Ao dizer isto, todavia, não proponho o mero silêncio. Busco outra coisa.

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  9. Creio que Maria Zambrano tendo feito o seu próprio caminho encontrou um "andar errante, só perdido nos infernos da luz",entre uma "penumbra tocada de alegria".
    É, de qualquer modo, a razão poética, o pensar contemplativo que se estranha e entranha e não se deixa definir. Isso é poesia.

    Neste poema belo e intenso, de uma melancólica alegria,uma tristeza clara, encontramos ecos deste modo poético: o que estranha a ausência e se atrasa, por assim dizer, na palavra, sugerindo-a bleamente.

    Gostei muito do poema.

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  10. "plenamente", é isso, não o que lá escrevi. Desculpem.

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  11. Paulo,

    também não disse toda a poesia. Disse em Holderlin. Mas depois do que li da resposta também me lembrei dos pooemas que escreveu sem outro fito ( de que não sei se estaria consciente, penso que não)que não o de dizer de modo já quase ininteligível e pensei..."será isto que o Paulo chama, como Zambrano, de violentação do espanto?" ou é isto a estranheza de ser aqui, passar por aqui?



    E, poderão os poetas a via entre o sentido e o silêncio? Penso que sim. E esses poetas e escritores existem e sentimos a sua diferença porque ao lê-los somos arrastados para a estranheza que (e parece paradoxal, mas é mesmo assim) nos é mais familiar, sem que tal sentimento se desfaça em pó de luz sobre o dito.


    Um sorriso

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  12. saudades futuro, vaí dar banho ao cão

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