"O que é um poeta? Um homem infeliz que oculta uma profunda angústia no coração, mas cujos lábios estão de tal modo formados que, quando um suspiro ou grito passa através deles, soa como música encantadora. O seu destino é como o daqueles infelizes que eram lentamente torturados por um fogo brando no touro de Falaris; os seus gritos não podiam chegar aos ouvidos do tirano para o consternar; para ele soavam como doce música. E as pessoas reúnem-se em torno do poeta e dizem "Canta de novo em breve" - o que significa: "Possam novos sofrimentos atormentar a tua alma...""
- Sören Kierkegaard, Ou... Ou... [Either Or: A Fragment of Life, London/New York, 1992, p.43].
Ah, longe vão os tempos em que deuses e homens se tornavam poetas por Amor ao Divino e ao Humano …
ResponderEliminarEm que o poema era mito que
expressava profundas verdades da vida, e do processo de crescimento que cada ser passa. Onde estão os Homeros, os Cíceros, os Storri Sturulsons deste mundo? Os Franciscos de Assis? Onde estão as Hildegards von Bingen, as Teresas de Ávila, as Claras que com os Franciscos corriam pelos campos e se enamoravam de tudo o que existia?
Os poetas de hoje, se conseguem enamorar-se de algo, é apenas de si mesmos. Ou melhor, das suas neuroses. Vejam o Mário de Sá-Carneiro, ou até o próprio Pessoa! Veja-se o espírito de lambe-botice e até de caciquismo proto-feudal que circula nos meios literários!
Que bem traz ao mundo saber dos complexos de inferioridade do Mário de Sá-Carneiro ou das crueldades do Pessoa em relação à pobre da Ofélia (da sua obra, apenas “A Mensagem” escapa à cloaca neurótica que é a literatura contemporânea)? Das dificuldades do José Luís Peixoto com o próprio pai? Das pulsões auto-destrutivas de um Miguel Gullander (como envergonhas os teus ancestrais maternos, ó Miguel)? Dos amores frustrados de uma Inês Pedrosa? Da vaidade e mercantilismo de um José Eduardo Agualusa? Da hipocrisia de um Pepetela? De um Manuel Alegre?
“Ai, sou tão especial, por isso sou tão inadaptado/a ao mundo e ás pessoas…”
Por detrás de cada poeta neurotico esconde-se um tirano em potência …
Vejam o ridículo, a pompa carnavalesca de muitos dos pseudónimos que são adoptados por aqui …
Nós, Pensamento e Memória, perguntamo-nos se submeter os chamados “génios incompreendidos” da nossa era a uma boa psicoterapia não reduziria substancialmente a quantidade de “poesia” que tem sido produzida nos últimos 200 anos.
Sendo assim, será que lhe podemos chamar verdadeiramente “poesia”? Não vemos aí nenhum vestígio do hidromel divino que faz ferver o sangue e transcender a mediocridade do próprio “eu”.
Sobressaltas-me.
ResponderEliminarOs poetas não são apenas pessoas infelizes ou atormentadas- essa ideia faz parte de uma cultura do boémio romântico de negro pelos bares ou cemitérios a cantar a ausência.De si mesmo.
O poeta é também o que se sobressalta com a inspiração, a beleza, a energia, o inesperado, a incerteza, o poder do amor,
da vida pujante da presença-ausência de tudo em tudo.É o que se pasma perante os sobressaltos da sua alma.
O que se encanta,
o que se contentamente se expande em tudo.
o poeta não passa disso, talvez passe por aí...
ResponderEliminarPois é, cara amiga Aurora, tem toda a razão. O problema é que esses poetas que se sobressaltam com o Belo e o Bom não vingam no Mercado literário, pois não vendem … Por isso acabam por calar-se.
ResponderEliminaros poetas tornaram-se vampiros vampirizados pelo público por todos nós
ResponderEliminar… por vocês que pagam a mais perversa e ineficaz das terapias: Comprando os seus livros, lendo as suas lamúrias e aplaudindo as suas neuroses em “vernissages” e festivais literários … Criando assim uma relação de co-dependência, como aquela entre os dependentes de químicos e os respectivos pais ou companheiros que, não obstante “quererem bem” ao doente e “desejarem” as suas melhoras e o seu sucesso na vida, subrepticiamente fazem tudo para boicotar as suas chances de libertação, pois a dependência os fazem sentir especiais, importantes … Além disso, preenche o oco das suas vidas, dando-lhes um sentido e peripécias alheias para contar a quem queira ouvir, como se fossem suas …
ResponderEliminaré terrível o narcisismo da maioria dos poetas e artistas
ResponderEliminar… para não falar dos académicos e de grande parte do clero de todas as religiões do mundo …
ResponderEliminarÉ por isso que andamos sempre de volta de Odin, não vá ele sair da linha e tornar-se mais um mau exemplo … ou exagerar no hidromel … Nós somos a sua consciência.
E a vossa consciência escapará ao narcisismo de sê-lo, ó aves moralistas e de mau agoiro!? Tendes toda a razão e nenhuma pela pretensão de a terdes! O narcisismo é a condição dos homens e dos deuses e ainda mais dos que pretendem denunciá-lo e ser livres dele. Não se aplica a vós o que dizeis, e bem, de poetas e artistas? Porque andais de volta de um deus e não vos libertais?
ResponderEliminarEm primeiro lugar, porque nos divertimos com isso.
ResponderEliminarEm segundo lugar, para evitar que Odin perca o juizo e acabe com o coiro de tudo o que existe.
Em terceiro lugar, porque somos Arquétipos, e por isso não temos vontade, ou sequer existência, independente que nos pensa.
Em quarto lugar, porque somos mauzinhos e não queremos que Odin se descarrile e dê razão á malta que anda por aqui a dizer que nada existe, que tudo isto é ilusão e um mero sonho de um deus embriagado.
ResponderEliminarOdin é um deus. Que tem a ver com a realidade?
ResponderEliminarA realidade é o sonho de um deus embriagado.
ResponderEliminarMas nós, Pensamento e Memória, estamos aqui para pôr ordem nesse delírio.
ResponderEliminarOdin, Pensamento e Memória são a santa trindade do fútil.
ResponderEliminarÉs inteligente, “Nunca Mais”, acertaste em cheio. Mas diz-nos lá, o que é que NÃO é futil?
ResponderEliminarO que não é fútil é o que não é.
ResponderEliminaro alquimista supremo embriagou-se e vomitou o mundo.
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